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A Guerra Fria no Porto por canal-portuense

O Porto na Guerra Fria

Durante cerca de 30 anos, de 1963 a 1993, a estação sísmica do Instituto Geofísico da Universidade do Porto, situada na Serra do Pilar (Gaia), serviu quase como um “centro de espionagem” para os serviços secretos norte-americanos, que analisavam, no Colorado, os registos aí recolhidos e entregues na embaixada dos Estados Unidos, em Lisboa.

Inaugurada em 1962 e integrada numa rede mundial de 125 estações, instaladas em diferentes partes do globo, foi um dos raros instrumentos de vigilância e informações militares existentes no país, indicou à agência Lusa o investigador da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), Rui Moura.

Nesta unidade sismológica, considerada pelo docente como uma arma político-estratégica, determinavam-se os locais onde ocorriam as explosões, o seu tamanho, a energia envolvida e o número de testes, factor “muito importante” por ser proporcional à quantidade de armamento produzido.

Os testes atmosféricos, associados às nuvens com formato de cogumelo, comuns até ao final da década de 50 do século passado, foram sendo criticados pelas potências nucleares, que, em 1963, decidiram abolir esta prática.

No entanto, os testes continuaram a ser desenvolvidos, a partir daí no subsolo, ao mesmo tempo que era aumentada a capacidade de destruição, mantendo-se por isso a necessidade de monitorização.

Era com base nesse tipo de informação que as potências, na altura dos congressos e das negociações de tratados de armas nucleares – várias ao longo da história – iam para as “mesas de conversação”, explicou o investigador.

De acordo com Rui Moura, as “assinaturas” dos sismos e das explosões nucleares são “completamente distintas”, diferindo na evolução, na amplitude e na frequência, como se pode verificar nos documentos que fazem parte do acervo da estação, “talvez a única” do género em funcionamento a nível europeu.

Os sismógrafos utilizados para recolha desses dados ainda hoje se encontram nas instalações do instituto, “muito bem fabricados” e com uma fidelidade elevada, afinados para detectarem frequências muito baixas, específicas destes tipos de fenómenos.

Há cerca de quatro anos, os investigadores da FCUP começaram a reactivar os sensores destes equipamentos, “antiquados” mas de “grande qualidade”, adaptando-os para colectar os dados através de um computador, estando, neste momento, a caminho de ganharem uma segunda vida, agora na era digital.

A nível planetário, segundo Rui Moura, foram realizadas cerca de 2100 explosões nucleares, mais de mil pelas mãos dos Estados Unidos, 700 pela União Soviética, seguindo-se a França, o Reino Unido, o Paquistão e a China.

Nos últimos anos, apesar do tratado de abolição de testes de armas nucleares, promovido em sede das Nações Unidas e assinado pela maioria dos países integrantes, alguns centros sismológicos mundiais registaram explosões efectuadas pela Coreia do Norte, indicou ainda o investigador.


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