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A tragédia da Ponte das Barcas





Em 29 de Março de 1809, durante a segunda Invasão Francesa, o marechal francês Soult entrou de forma inesperada na cidade do Porto.
A população assustada tentou cruzar o rio para a outra margem com o objetivo de criar alguma distância em relação aos invasores.
Precipitaram-se para uma ponte do Douro, construída sobre uma vintena de barcas que acabou por ceder arrastando as pessoas para o rio. Calcula-se que tenham morrido cerca de quatro mil pessoas.
Este desastre é recordado no local onde aconteceu através de um memorial projetado pelo arquiteto Souto Moura.
A cidade foi do Porto foi alvo de saque nos dias seguintes.

A Tragédia da Ponte das Barcas

Este quadro foi colocado depois onde estivera a ponte, e tornou-se local de romaria popular. Aí eram deixadas velas e dinheiro pelas alminhas – as “Alminhas da Ponte”, agora assinaladas na Ribeira por uma placa evocativa de Teixeira Lopes que continua a ser local de devoção. Quanto ao quadro, pintado depois a óleo, ficou à guarda da capela das Almas (ou das Taipas), na Cordoaria, que passou também a assegurar a gestão do dinheiro deixado nas Alminhas. É uma das imagens escolhidas para a exposição sobre o Porto e as invasões francesas que vai ser inagurada, no Domingo, na Galeria do Palácio de Cristal.

O desastre da ponte das barcas, de que se comemoram este Domingo 200 anos, marcou a história e a memória dos portuenses. Várias iniciativas assinalam a data. No Sábado é apresentado um concerto coral intitulado “Portugal”, da autoria do cónego Ferreira dos Santos, que recria a tragédia, e que conta com mais de 500 coralistas e duas orquestras. No Domingo, para além da exposição, é inaugurada uma obra escultórica de Souto Moura, que terá uma parte em Gaia e outra no Porto, perto do local onde se encontrava a antiga ponte.

A ponte das barcas era um projecto de engenharia de Carlos Amarante. Era constituída por vinte barcaças ligadas por cabos de aço e, na altura, era a única que permitia atravessar o rio. Quando as tropas francesas do general Soult entraram na cidade, a população, em pânico, tentou a fuga para Gaia, mas a ponte não aguentou. Foi mais tarde refeita, mas só em 1843 foi inaugurada a nova ponte pênsil, que a substituiu.

Pontes semelhantes – assentes em barcas – têm sido utilizadas ao longo da história, devido à sua rapidez de construção, muitas vezes para permitir a passagem de tropas. A do Porto foi a primeira ponte deste género construída em Portugal como solução a mais longo prazo, e podia ser aberta para permitir a passagem do tráfego fluvial. Carlos Amarante foi autor de outras obras célebres da região norte do país, como o Bom Jesus e a igreja do Pópulo, em Braga; a Igreja da Trindade, no Porto; e a reconstrução das muralhas de Valença.

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