Os pais dos alunos de pré-escolar e ensino básico do Colégio Ramalhete, no Porto, foram na segunda-feira “surpreendidos” com o anúncio de que o estabelecimento não iria reabrir este ano letivo, deixando cerca de 90 crianças sem escola.
“Em pânico, sem saber o que fazer”, foi como Catarina Pinto de Sousa, porta-voz das duas dezenas de pais que esta noite se reuniram em busca de solução, descreveu o sentimento geral dos encarregados de educação dos alunos do Ramalhete, instalado num edifício do século XIX, no Passeio Alegre, na Foz do Douro.
A primeira informação surgiu no domingo ao final da tarde, pelas 18.40 horas, num “email” enviado aos encarregados de educação das crianças do pré-escolar onde se lia que “por motivo de força maior, totalmente imprevisto e inesperado”, o Colégio não iria poder “receber os alunos” dos três, quatro e cinco anos na segunda-feira, lê-se no documento a que a Lusa teve acesso.
“Estamos conscientes do transtorno causado por este impedimento, bem como da forma tardia como estamos a comunicar, devendo-se exclusivamente ao motivo inesperado, e por isso apresentamos as nossas desculpas”, adiantava o referido “email”.
Segunda-feira, ao longo do dia, os pais foram sabendo, por alguns trabalhadores do colégio, que afinal não estavam só em causa as três turmas do pré-escolar, mas também as quatro turmas de ensino básico previstas, num total de 90 crianças que, com o encerramento do estabelecimento, ficam sem colocação, a poucos dias do arranque de um novo ano letivo
“Estamos em choque. O que queremos é uma solução para os nossos filhos”, salientou Catarina Pinto de Sousa, mãe de dois alunos cuja inscrição no colégio pagou, tal como muitos outros pais, e ainda sem indicação sobre como reaver os montantes gastos e cifrados em 290 euros para o pré-escolar e 330 euros para o primeiro ciclo.
Pelas 20.24 horas, e depois de um dia de incertezas, a direção fez “finalmente” chegar aos encarregados de educação um “email”, assumindo que “o Colégio tem enfrentado dificuldades financeiras” que têm vindo a ser combatidas “ao longo dos últimos anos” e que “estava prevista a entrada de um investidor que tornaria viável a continuidade do Colégio”.
“Por razões inteiramente alheias à nossa vontade não se veio a concretizar esta parceria”, informa a direção, em “email”, a que a Lusa teve acesso, assinalando que os trabalhadores docentes e não-docentes, “face ao atraso do pagamento dos seus salários, recusaram a apresentar-se ao trabalho esta segunda-feira, inviabilizando a abertura do ano letivo”.
O colégio diz ainda estar “inteiramente” disponível “tratar de todos os procedimentos necessários, nomeadamente a transferência dos alunos” para uma nova escola, o que, para os encarregados que ao longo do dia tentaram encontrar alternativas, não se mostra tarefa fácil pela falta de vagas.
À Lusa a diretora do colégio, Cristina Sousa, havia dito, momentos antes, que “a explicação aos pais está a ser dada todos os dias”, que “não há nada em definitivo”.
“Estamos reunidos e a fazer todos os esforços para a continuidade”, assinalou à Lusa a responsável ainda antes de o email ser enviado aos pais, admitindo que “o colégio sempre teve algumas dificuldades financeiras ao longo dos anos” que foram sendo contornadas, esperando que “desta vez” tal também acontecesse para que o colégio reabrisse em breve.
A Lusa tentou ouvir novamente a diretora sobre o conteúdo do último ‘email’, rematado com “desejamos o melhor para o futuro para os vossos filhos”, mas tal não foi possível.