O presidente da Comissão dos Profissionais de Táxi do Porto (CPTP), Pedro Vila, acusou esta sexta-feira o Governo de não apoiar quem contribui para a economia nacional e “assobiar para o lado” para os que contribuem para uma “economia paralela”.
“Pretendemos saber o porquê de um Governo, que se diz de esquerda, mas que de esquerda não tem nada, (…) que não apoia quem contribui para a economia nacional e assobia para o lado para quem contribui para a economia paralela”, criticou hoje o membro da CPTP na ação de protesto que concentrou cerca de 50 taxistas, junto à Estação de Campanhã, pelo cumprimento da Lei 35/2016 contra o transporte ilegal de passageiros.
Pedro Vila estendeu mesmo críticas ao ministro do ambiente, João Matos Fernandes, e ao seu Secretário de Estado.
“Temos um ministro do ambiente e um secretário de Estado que são os inimigos número um dos táxis e não sabemos porquê”, questionando ainda o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, sobre os motivos que o levaram a não responder aos apelos dos taxistas, relembrando que o Presidente já fez parte do setor, em 1989.
O presidente da comissão deixou também “um pedido de desculpas aos utentes” pelo “embaraço” causado, sublinhando que está em causa “a sobrevivência do setor”.
“Já não é o futuro, mas o presente [que está em causa], devido à ameaça das plataformas eletrónicas que neste momento já estão em número superior ao contingente de táxis na cidade do Porto. É um lobo vestido com pele de cordeiro”, explicou.
Questionado sobre o motivo que levou a CPTP a organizar a concentração em Campanhã, Pedro Vila explicou que aquele local corresponde ao aeroporto dos taxistas “devido ao movimento e às pessoas que tem”, frisando ainda que a iniciativa pretende também fazer chegar a voz da classe junto da opinião pública.
Quanto à mobilização do protesto, que começou as 17 horas, o presidente da CPTP acredita que até ao fim da iniciativa vá atingir “um número substancial” e vá “exceder as expectativas”.
Pedro Vila adiantou ainda que apesar de desejar não ter que fazer mais ações de protesto, estão previstas outras iniciativas semelhantes.
Já Carlos Alberto Lima, vice-presidente da Federação Portuguesa de Táxis, disse estar sempre “solidário com os colegas” que lutam contra a “Uber ou qualquer organismo ilegal”.
“Pretendemos o que pedimos há três anos, que se vão embora os ilegais ou que se legalizem. Nós não temos medo da Uber legalizada, agora que se legalizem ou que se vão embora (…). É uma concorrência muito desleal”, lamentou, salientando que com a entrada destas plataformas sentiu uma quebra “muito grande” nas receitas, na ordem dos 30%.
Manuela Dias, taxista há 20 anos, diz ver o seu trabalho “cada vez pior”, afirmando que estão “a tirar o trabalho aos taxistas” e, por isso, pretende “acabar com a Uber”.
Na origem do protesto, convocado pela CPTP e que foi acompanhado pela PSP, está a Lei 35/2016 – lei contra o transporte ilegal de passageiros — que entrou em vigor em novembro, regulamenta o acesso à atividade e ao mercado dos transportes em táxi.