Alunos do Porto pedem alojamento alternativo contra pressão turística

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“Chegam relatos preocupantes” à FAP e às associações de estudantes individualmente, avança à agência Lusa Ana Maria Luísa, presidente da Federação Académica do Porto (FAP), revelando que tem conhecimento de testemunhos de alunos que contam ter tido “mais dificuldade em encontrar alojamento” e que sentem que “os preços estão mais altos para uma mesma tipologia de alojamento”.
s preços dos quartos para estudantes no Porto estão mais elevados do que no passado, com valores acima dos 300 euros, e a pressão turística é a principal culpada, prejudicando, em primeiro lugar, os alunos mais carenciados, descreve Ana Maria Luísa.

“Não temos dados sobre a média dos preços até porque depende de que tipologia de alojamento que estamos a falar – quarto individual, T0 ou T1 -, com ou sem despesas. No entanto, acreditamos estar a falar de valores por vezes muito acima dos 250 e os 300 euros mensais por estudante”.

Para fazer face à “pressão sobre o alojamento” que está a aumentar é “necessário que se pensem em programas e alternativas direcionadas para os estudantes para evitar que a situação se torne insustentável”, avisa a presidente da FAP, alertando que, a longo-prazo, terá necessariamente de se “aumentar o número de residências que os serviços de ação social das instituições de ensino superior disponibilizam”.

“Se queremos que os estudantes venham para o ensino superior também precisamos de garantir que eles têm condições de facto para ficar. A procura de alojamento está demasiado pressionada pela falta de oferta e, como sempre, os estudantes em situação mais carenciada são os primeiros a ficar prejudicados”, declara em entrevista à Lusa via correio eletrónico.

A Universidade do Porto (U.Porto), com cerca de 30 mil alunos, tem uma capacidade atual para acomodar em residências estudantis cerca de 4% desse universo, onde os estudantes pagam cerca de 70 euros.

Dados fornecidos pelo gabinete das relações públicas da U.Porto indicam que aquela instituição tem “nove residências universitárias”, com capacidade para acomodar 1.192 estudantes, conseguindo apenas dar resposta a alguns dos estudantes com condições sociais complicadas.

“Tipicamente, o estudante de licenciatura com direito a residência é bolseiro de ação social, pagando uma mensalidade de 73,73 euros. Este valor é incluído na bolsa mensal que é atribuído ao estudante pelos serviços do ministério”, explicou fonte da U.Porto.

A U.Porto tem em curso uma intervenção na residência Alberto Amaral que vai permitir ter mais 112 camas para acolher universitários a partir de setembro de 2018, o que significa um aumento de cerca de 10% do número de camas para estudantes que queiram viver em residências universitárias, adiantou à Lusa a mesma fonte das relações públicas da U.Porto.

A residência Alberto Amaral, na rua D. Pedro V, tem atualmente capacidade para 220 camas, mas com o acréscimo de 112, chegará às 332 camas de capacidade original daquela residência.

“A empreitada encontra-se ainda em fase de concurso para intervenção” e, se não houver imprevistos durante o processo, “as obras deverão iniciar-se ainda este ano”, disse à Lusa a mesma fonte da U.Porto.

A empreitada insere-se no plano de investimentos de 45 milhões de euros para reabilitação patrimonial da U.Porto, que foi anunciada pelo reitor em 23 de março deste ano.

Em dezembro de 2016, a empresa municipal Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) Porto Vivo, anunciou, por seu turno, que ia lançar um concurso para construir e explorar uma residência para 120 estudantes no morro da Sé, no centro histórico do Porto.

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