Manuel Francisco Novais sabia que o seu amigo João Carvalho Gonçalves, um reformado de 67 anos, tinha muito dinheiro guardado numa casa que ainda arrendava na rua Rodrigues de Freitas, em Ermesinde, Valongo.
Por isso, a 18 de julho do ano passado, Manuel, de 51 anos, encontrou-se com a vítima, alegando que queria falar sobre uma dívida que tinha. Já no interior da moradia, os dois homens iniciaram uma discussão e Manuel Francisco espancou o amigo com recurso a vários objetos. Matou-o por estrangulamento e roubou-lhe a carteira para ir às compras. O Ministério Público de Valongo acusa-o agora por homicídio qualificado, furto e ainda burla informática: após ter cometido o crime, o arguido, que está preso, fez em dois dias gastos de 2 mil euros, uma vez que junto ao cartão multibanco a vítima tinha um papel com o código.
Comprou um telemóvel, um relógio e um fio de ouro, várias peças de roupa desportiva e fez diversos levantamentos. João Gonçalves e a mulher viviam numa outra casa, em Ermesinde, com uma amiga, e foi através dela que conheceram o homicida. Manuel Francisco chegou a pedir 800 euros à vítima e foi sob o pretexto de falar sobre essa dívida que marcou um encontro no dia do crime. O processo revela que o homicida, que está preso, foi tramado precisamente pelo telemóvel que comprou com o cartão multibanco da vítima.
A PJ conseguiu colocar esse aparelho sob escuta. E, numa conversa com uma ex-namorada, Manuel Francisco, que tinha sido declarado contumaz há 15 anos, confessou o crime. “Deitei um gajo abaixo em Ermesinde. Não viste nas notícias? O que custa é o primeiro, de resto é tudo a eito”, disse. O arguido foi detido em novembro de 2017 e alegou à PJ que a morte ocorreu durante uma luta com a vítima.