A Casa mais antiga do Porto fica junto à Sé do Porto, no “Beco dos Redemoinhos”. De aspecto flamengo, com a chaminé colocada ao cimo da fachada e bem no meio desta, como é característica deste género e que se pensa ter sido construída na primeira metade do século XIV.
Uma relíquia escondida que pouca gente conhece e nem os estrangeiros lá vão. Sabem porquê? Porque existe um portão que veda a entrada ao Beco onde se situa a casa mais antiga do Porto! Uma preciosidade inacessível a que nem os portuenses têm acesso!
A fachada, meio escondida atrás da capela-mor da Sé, dava outrora para um animado largo do burgo, limitado a ocidente pela desaparecida charola da catedral.
Nas traseiras da Sé, esmagado contra a massa enorme da capela-mor seiscentista mandada construir pelo bispo D. Gonçalo de Morais, existe um dos edifícios mais singulares do Porto. Trata-se de uma habitação de origem medieval, que na historiografia portuense é geralmente apontada, devido ao desenho singular do remate da sua fachada, similar ao das casas dos Países Baixos, como sendo fruto da influência que, desde a Idade Média, a arquitectura dessa região europeia teria tido no Porto.
Chama-se Beco dos Redemoinhos porque na época existiam ali azenhas (moinhos), já que passaria por lá um pequeno rio.
O local onde a fachada principal da casa se ergue é desconhecido da maioria dos portuenses; designado por Beco do Redemoinho, é um local escuso, de acesso semi-oculto e de exíguas dimensões. Mas nem sempre foi assim; esse local chamou-se Adro de Trás da Sé, e era um espaço público muito mais arejado, vasto e importante do que actualmente.Para compreender a sua formação teremos que recuar no tempo, até à época em que se iniciou a construção da Sé românica.
Uma relíquia escondida que pouca gente conhece e nem os estrangeiros lá vão. Sabem porquê? Porque existe um portão que veda a entrada ao Beco onde se situa a casa mais antiga do Porto!
O Porto era uma cidade episcopal, em que o bispo detinha os poderes espiritual e temporal, secundado por membros do alto-clero, o conjunto do Cabido que, como noutras cidades episcopais europeias, construiu as suas residências em redor do local mais sagrado da catedral, a capela-mor. Assim, a actual Rua de D. Hugo, que descrevia um arco entre a capela-mor e a muralha românica, o “Muro Velho”, e que devido a esse desenho se chamou Rua do Redemoinho, foi local de muitas e ricas residências de cónegos, algumas delas ainda hoje existentes.
Com o decorrer do tempo, as antigas torres revelaram-se desastrosamente inadequadas, pelas suas parcas condições de conforto, para habitação de tão nobre companhia; em Quinhentos muitas delas são estrebarias, palheiros, residência, não já das elites, mas de membros de classes em ascensão, como aquela que existiu no Largo do Corpo da Guarda, e que então pertenceu ao mestre carpinteiro Baltasar Gonçalves, talvez por esse facto designado de “o Fidalgo”.
Nos finais de Quinhentos, as “casas grandes” do Adro de Trás da Sé estavam arruinadas e, no século seguinte, pertenceram ao genealogista Cristóvão Alão de Morais, devendo datar dessa época a janela de peitoril do piso superior. E o remate “flamengo” que deu fama à habitação? Uma casa-torre medieval tinha, em princípio, uma fachada coroada por ameias; o actual desenho do remate, portanto, pode datar de época posterior à Idade Média.
Terá sido realizado depois dos finais do século XVI, quando, como vimos, o edifício se encontrava em ruínas? É plausível que a ruína da torre tenha provocado o desmoronar da sua parte superior, incluindo as ameias, tendo-se então optado pelas duas águas e a linha horizontal sobre elas, de desenho “flamengo” e, se analisarmos a fachada, verificamos incongruências entre a disposição dos cachorros, a gárgula no ângulo direito e a área da fachada demarcada pelo remate, que sugerem essa alteração.
Autor desconhecido. Artigo encontrado nas nossas deambulações internautas