Esta segunda-feira, o Centro Materno Infantil do Norte começou a usar uma nova técnica de cirurgia de remoção de tumores no útero, mais rápida e segura.
O Centro Materno Infantil do Norte realizou, esta segunda-feira, pela primeira vez em Portugal, uma cirurgia transvaginal de remoção de tumores no útero.
A nova técnica recorre a um sistema ótico, com recurso a uma câmara endocópica e consiste “na visualização do interior do útero” por via transvaginal, permitindo uma maior precisão na identificação e remoção de lesões intrauterinas, explicou à Lusa o ginecologista responsável pela intervenção, Hélder Ferreira.
A visualização, designada de histeroscopia, permite identificar patologias e lesões como pólipos, miomas, aderências ou cicatrizes dentro do útero, e – simultaneamente – tratar ou removê-las.
Hélder Ferreira, coordenador da unidade de cirurgia minimamente invasiva do Centro Materno Infantil Norte, afirmou que o novo equipamento faz com que o procedimento seja “mais reprodutível, ao torná-lo também mais rápido e seguro“, em relação a outras técnicas que têm sido utilizadas, como a raspagem uterina, a própria remoção do útero ou a histeroscopia com corrente elétrica.
“Se conseguimos encurtar esse tempo, automaticamente conseguimos reduzir a dor e podemos fazer mais procedimentos, desta forma, sem anestesia”, frisou. O procedimento é, assim, “mais fácil de realizar”, pois não recorre à anestesia, nem à energia elétrica, que na maioria das vezes “provocam dor e lesões às doentes”.
Uma das vantagens desta técnica é também “o regresso precoce a casa das doentes”, o que, aliado à redução do tempo que passam no hospital, evita o “elevado risco de infeções”. Helena Leite, de 69 anos e natural do Porto, foi uma das sete pacientes que foram submetidas a esta técnica esta segunda-feira.
A doente saiu pelo próprio pé do bloco operatório, depois de uma intervenção que durou cerca de cinco minutos. “Quando estava no bloco pensei que ia correr mal, porque fiquei assustada, uma vez que todas as intervenções que fiz foram com anestesia. Esta não foi, por isso, estava mais receosa. A princípio doeu um bocadinho, mas depois aguentei perfeitamente”, referiu.
Quando teve conhecimento de que a técnica era pioneira em Portugal, Helena ficou amedrontada, mas “as explicações do médico” e a “equipa maravilhosa” que a acompanhou no bloco operatório deixaram a paciente mais confiante.
Segundo o ginecologista obstetra Hélder Ferreira, outra das vantagens da nova técnica é o “aumento da segurança do procedimento” e a facilidade para “a curva da aprendizagem”.
No bloco operatório estavam presentes cerca de seis médicos e estudantes oriundos da Eslováquia, Polónia e Inglaterra. “A evidência científica neste momento, em estudos comparativos, é clara relativamente às vantagens desta técnica. Vantagens para as doentes, para a instituição e para o próprio sistema de cuidados de saúde”, acrescentou.