Na magazine de negócios mais lida dos Estados Unidos, a cidade do Porto é classificada como “hot destination” (destino vibrante) e no diário britânico é entregue de bandeja ao leitor um roteiro com propostas que fintam as tradicionais sugestões dos guias turísticos.
Há pontos em comum entre os dois artigos publicados na última semana, com um dia de diferença, em dois dos mais influentes meios de comunicação do mundo. Ambos partilham o encantamento pelo Porto, aconselham palmilhar a cidade para a descobrir genuinamente, destacam o rico património histórico inscrito nos seus azulejos, referem uma famosa livraria, sugerem restaurantes para um bom repasto (o que não é tarefa difícil tendo em conta a qualidade da nossa gastronomia) e, claro está, propõem uma prova de vinhos do Porto.
Se a americana Forbes aconselha vivamente o viajante a “sair de Lisboa” e a descobrir “uma das cidades mais coloridas da Europa”, que em cada esquina oferece paredes cobertas de cenas históricas contadas em azulejos meticulosamente pintados (apontando como um desses exemplos o brilhante trabalho de Jorge Colaço na Estação de São Bento), o britânico The Telegraph é ainda mais incisivo nas suas sugestões e propõe uma visita ao Banco de Materiais da Câmara do Porto, uma reserva municipal aberta ao público no Palacete dos Viscondes de Balsemão, que “alberga todo o tipo de objetos decorativos que outrora embelezaram o exterior das casas e igrejas do Porto. Tem a aparência de um museu mas, na realidade, assemelha-se a um enorme closet de uma empresa de design”.
O artigo inglês faz também referência ao emblemático Bolhão, agora em obras, mas não deixa de notar que a sua alma continua viva no Mercado Temporário do Bolhão, bem próximo do edifício original. Ali, “encontrará os mesmos comerciantes – peixeiras e vendedores de frutas e legumes, padeiros e talhantes, floristas e até quem venda produtos de retrosaria”.
No mesmo roteiro, os Jardins do Palácio de Cristal são referenciados pelas suas “belas vistas sobre a cidade e sobre o oceano”. Projetados pelo arquiteto paisagista Émile David, no século XIX, estes jardins de inspiração romântica – atenta o The Telegraph – merecem uma visita demorada. Neste “refúgio botânico” em pleno ambiente citadino, encontra-se a residência oficial do presidente da Câmara do Porto (a Casa do Roseiral), a Biblioteca Municipal Almeida Garrett e a Galeria Municipal do Porto “que, regularmente, realiza eventos culturais e exposições de arte contemporânea”, acrescenta.
Muito próximo dos Jardins do Palácio, fica a Rua de Miguel Bombarda e as suas “instagramáveis caixas de eletricidade”, autênticas obras de design, integradas no Programa de Arte Urbana.
E a descoberta cidade adentro continua com passagem por outro segundo espaço verde igualmente encantador: o Jardim Botânico do Porto, casa de família de Sophia de Mello Breyner Andresen, destacada poetisa e escritora portuguesa do século XX, observa o jornal britânico.
Mas o melhor mesmo é ler os dois artigos, ambos inebriados com a riqueza histórica, cultural e social do Porto, ambos rendidos à beleza da cidade Invicta, que continua a somar páginas inteiras na imprensa internacional.
artigo porto.