A Câmara do Porto revelou hoje que estão a ser estudados a relocalização e o redimensionamento da nova travessia sobre o Douro, na sequência dos “entraves” colocados pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) quanto à sua localização inicial.
Em resposta à Lusa, a autarquia esclarece que quando os municípios do Porto e Gaia lançaram este projeto, “a localização da nova ponte foi aquela que, do ponto de vista da sua inserção [geográfica] e do impacto financeiro, oferecia a melhor solução para as duas cidades”.
Contudo, no desenvolvimento do projeto foram levantados alguns entraves quanto à localização da proposta.
À luz das questões levantadas pela APA, sublinha o município, “as duas autarquias estão a trabalhar numa solução de compromisso que incorpore estes pareceres, e que cumpra os objetivos pretendidos com este projeto”.
Nesse sentido, “está a ser estudada pelos dois municípios a relocalização da ponte e o seu redimensionamento, o que trará naturalmente custos acrescidos, não sendo possível nesta fase ainda afirmar o valor final, já que os concursos públicos ainda não foram lançados”.
No mapa detalhado dos empreendimentos da empresa municipal Go Porto, que consta do anexo sexto do relatório do orçamento municipal para 2020, a autarquia inscreveu um total de 13,1 milhões de euros para a futura Ponte D. António Francisco do Santos, mais do dobro do inicialmente previsto, a distribuir pelos anos de 2020, 2021 e 2022.
Quando foi anunciada em abril de 2018, a nova travessia tinha um custo estimado de 12 milhões de euros, integralmente assumidos pelos municípios de Porto e Gaia, em partes iguais.
No anúncio formal, a 12 de abril, os autarcas revelavam que a sétima travessia sobre o Douro seria construída à cota baixa, numa extensão de 250 metros, estando previstas a ligação para trânsito rodoviário e transporte público, uma passagem pedonal e ciclovia.
À data, os autarcas avançavam que seriam necessários dois concursos públicos, um para a conceção a lançar naquele ano (2018) e um segundo de caráter internacional para a construção da ponte que iria ser instalada entre Campanhã (Porto) e o Areínho de Oliveira do Douro (Gaia).
Hoje, o presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, criticou o excesso de burocracia com que se deparou quando lançou juntamente com o Porto o projeto e defendeu “um processo de simplificação da legislação”.
O autarca que falava à margem da apresentação do plano e orçamento do Município de Gaia para 2020, revelou que, neste momento estão a ser feitos “estudos de estabilidade e de circulação”, “necessários e obrigatórios” sendo que faltará, acrescentou, “cumprir os prazos do Tribunal de Contas”.
Quanto à possibilidade de ajustes no que diz respeito à geografia da ponte, Eduardo Vítor Rodrigues disse que “se houver ajustes esses serão apenas de metrinhos”, mantendo-se a localização que foi avançada.
” É verdade que, fruto das medições do solo, pode haver algum ajustamento, mais do lado de Gaia que deve ser o lado mais penoso, mas nada muito relevante”, disse o autarca.
Em junho, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira tinha já acusado a APA de ser responsável pelo atraso na construção da ponte, revelando os técnicos daquela agência entendiam “que a ponte não deve ter a mesma cota relativamente ao rio do tabuleiro inferior da Ponte Luís I”.
Mais de um ano e meio depois, o projeto, cuja conclusão era apontada para 2022, ainda não avançou para o terreno.