A Câmara do Porto apresentou hoje um plano para resgatar o espaço público e potenciar uma nova experiência de lazer e compras na cidade, decorrente da retoma da atividade económica, no contexto de pandemia.
Em meados de junho, 14 ruas da Baixa e do Cento Histórico vão transformadas em áreas pedonais aos fins de semana, a rede de ciclovias ou percursos cicláveis vai ser alargada em mais 35 km até ao final do ano, vão existir bicicletários para aparcamento em parques vigiados e na via pública, e o início da operação de trotinetas e bicicletas em regime de partilha arranca já a partir da próxima segunda-feira, dia 1 de junho. Também as feiras e mercados estarão de regresso a partir de 19 de junho, de forma faseada.
O plano de mobilidade, comércio e lazer, anunciado esta manhã em conferência de imprensa nos Paços do Concelho, parte do objetivo de dinamizar e potenciar a ocupação do espaço público.
O presidente da Câmara do Porto referiu que a estratégia comunga “de uma preocupação que as pessoas já vinham a sinalizar há muito tempo”, pois “há mais população que pretende ter outra relação com a cidade”. O recente modelo instituído nas avenidas atlânticas e ribeirinhas, através da implementação de zonas de coexistência aos fins de semana é disso exemplo, considerou Rui Moreira.
Nesse sentido, o plano integrado apresentado nesta sexta-feira é um primeiro ensaio, para “testar as águas”, assinalou, num contexto de pandemia, em que as atividades económicas estão a ser retomadas com segurança. “É o mote para a cidade pensar sobre si própria, como quer viver e conviver. Mas temos ainda mais ideias para a aproximação progressiva do cidadão ao espaço público”, que durante as últimas décadas foi tomado pelo automóvel, referiu o autarca.
Também o vereador do Urbanismo, Pedro Baganha, reforçou esta mensagem, sublinhando que o plano é “evolutivo” e que a Câmara está aberta às sugestões de associações de comerciantes e de moradores.
No resgate do espaço público para a fruição de todos, o Município sublinha ganhos a três níveis: ao nível da saúde e segurança, incentivando a pedonalização de percursos e privilegiando modos suaves de transporte, permitindo a prática de exercício físico e garantindo o necessário distanciamento social atualmente exigido; no lazer e na fruição, promovendo uma vivência diferente da cidade e uma nova experiência de lazer e compras; e na sustentabilidade, através do acesso a modos suaves de transporte, que permite a diminuição do uso de automóvel, com benefícios evidentes ao nível da redução de emissões de CO2, e constrangimentos associados ao tráfego rodoviário.
Áreas pedonais aos fins de semana na Baixa e Centro Histórico
A escolha dos locais atentou às fortes ligações pedonais existentes na cidade, para conferir diversidade e dinamismo ao espaço público urbano, “sempre priorizando a segurança do peão”, sublinhou
A medida entra em vigor a 19 de junho, vai abarcar três zonas operativas do centro do Porto, num total de 14 arruamentos. Entre as 8 horas de sábado e as 20 horas de domingo as seguintes ruas estarão condicionadas ao trânsito automóvel.
– Zona 1– Rua de Cedofeita (que durante este período fica pedonal em toda a sua extensão), Rua de Miguel Bombarda e Rua do Breyner;- Na extensão da Movida, a Rua das Carmelitas, a Rua de Conde de Vizela, a Rua da Fábrica, a Rua de Santa Teresa e a Rua de Avis (que se juntam às áreas pedonais temporárias já existentes nas ruas de Cândido dos Reis e Galerias de Paris);- Rua do Almada e Rua da Conceição;- Rua de Passos Manuel (em toda a sua extensão).
– Zona 2– Passeio das Virtudes;- Rua do Dr. Barbosa de Castro.* O acesso ao parque de estacionamento continuará a ser permitido.
– Zona 3– Rua dos Caldeireiros;- Avenida Rodrigues de Freitas
Nestas zonas, será introduzido novo mobiliário urbano, temporário e amovível, para um usufruto mais confortável do espaço, assinalou Pedro Baganha, com marcações no próprio pavimento à medida que as áreas pedonais forem consolidadas. O vereador acrescentou ainda que a Rua dos Caldeireiros não estava prevista neste plano inicial, mas que foram os próprios comerciantes que solicitaram o seu encerramento ao trânsito automóvel ao fim de semana.Salvaguardo está o acesso de moradores e comerciantes ao interior das 14 artérias assinaladas.
Nestes espaços, a área verde também irá crescer. “Vão existir árvores em ruas que não tinham árvores”, assinalou o vice-presidente da Câmara do Porto, Filipe Araújo, responsável pelo Pelouro da Inovação e ambiente, na conferência de imprensa em que também participou a vereadora da Juventude e Desporto, Catarina Araújo.
Ciclovias, bicicletários e modos suaves
Até ao final do ano, a Câmara do Porto prevê alargar a extensão da rede de ciclovias ou percursos cicláveis em 35 quilómetros, perfazendo um total de “54 quilómetros de rede”, informou, por seu turno, a vereadora dos Transportes Cristina Pimentel, que clarificou que a operação é relativamente simples, pois “é dar continuidade à ligação de todos os troços que não estavam ligados e incluir a ramificação de outros”. Para tanto, basta efetuar marcações no pavimento e colocar dissuasores.
Neste processo, praticamente toda a cidade, da zona ocidental à zona oriental, ficará ligada por uma rede de ciclovias ou percursos cicláveis. Na Avenida da Boavista, a intenção é colocar a ciclovia na via, afastando-a de zonas de estacionamento.
A acompanhar esta aposta, o Município vai disponibilizar 130 lugares de aparcamento para bicicletas em parques vigiados, “que poderão duplicar ou triplicar” à medida das necessidades, acrescentou Cristina Pimentel.
Além disso, vão ser instalados na via pública 72 bicicletários, com capacidade para 521 lugares de aparcamento.Já a partir da próxima segunda-feira, dia 1 de junho, entra em funcionamento o regime de partilha de trotinetas e bicicletas (cujo início da operação esteve previsto para março, mas foi supensa devido à pandemia). Os 210 pontos de partilha foram marcados durante o período de confinamento e correspondem aos 2.100 lugares contratualizados com as três operadoras que durante o mês de junho disponibilizarão o serviço gradualmente. “Até ao final do mês de junho, acredito que a disponibilidade será total”.
O Município do Porto é o primeiro, a nível nacional, a regulamentar estes modos suaves em sistema de partilha, recordou a vereadora.
Fonte: Porto.