Foram encontradas ossadas do tempo das invasões francesas no centro do Porto
Escavação arqueológica num edifício em restauro na Rua de S. Miguel permitiu encontrar as ossadas de 13 soldados franceses que, há mais de 200 anos, terão integrado o corpo do exército de Soult.
Já decorreram mais de dois séculos sobre as invasões francesas, mas ainda há histórias por descobrir sobre as incursões das tropas napoleónicas em território português. Um achado arqueológico recente, no Centro Histórico do Porto, permitiu acrescentar factos novos àquilo que se sabia sobre o assunto.
Os materiais encontrados nas escavações feitas num edifício que se encontra em restauro na Rua de S. Miguel, nas traseiras do Mosteiro de S. Bento da Vitória, são dos mais relevantes dos últimos tempos, garantiu a equipa de arqueólogos responsável pelo achado, citada pelo JN. “Em 90% das prospeções que são realizadas nada de muito interessante é encontrado para o público em geral”, afirmou João Silva, acrescentando: “O mais curioso desta descoberta está no facto de os soldados pertencerem a uma companhia que até hoje se desconhecia ter estado aqui”.
Na escavação foram encontradas as ossadas de 13 soldados franceses, que terão sido mortos durante a Batalha do Porto, travada a 29 de março de 1809, durante a segunda invasão napoleónica.
No local foram encontrados outros artefactos: “Uma chapa de barretina usada pela 76éme Regiment de Ligne (Infantaria de Linha francesa do período napoleónico). Até ao momento não existiam quaisquer registos que este batalhão tivesse estado no Porto”, explicou a empresa Civitas Arqueologia, responsável pelo achado.
As casas que estão a ser intervencionadas na Rua de S. Miguel ainda não existiam na altura, pelo que os soldados franceses terão sido enterrados nos terrenos que pertenciam ao Mosteiro de S. Bento da Vitória, que durante a época das invasões serviu como hospital de campanha.
Estes achados encontravam-se muito perto da superfície, a meros 40/50 centímetros de profundidade. E, apesar de serem inimigos, não foram sepultados numa vala comum, notou a antropóloga Zélia Rodrigues ao JN: “Houve cuidado no enterro. Isso vê-se pela posição dos braços e na disposição dos corpos”.