No passado dia 13 de dezembro, o Núcleo de Estudantes de Português da Universidade do Porto (NEP-UP) esteve à conversa com a Sofia Oliveira da Brigada Estudantil, ativista pelos direitos dos estudantes e dinamizadora de vários protestos pelo ambiente, a igualdade de género e a igualdade racial, bem como com a Rita Silva do Animal Save, ativista pelos direitos dos animais, pelo ambiente e recente membro da Brigada.
O foco do NEP é acima de tudo a língua e a literatura portuguesas, contudo o Núcleo compreende a realidade dos seus estudantes como uma experiência multifacetada. Por isto, acreditamos na promoção do diálogo com outros grupos e associações universitárias concentradas em todos os aspetos significativos da vida estudantil.
Falou-se do rejuvenescimento do movimento estudantil a que se tem assistido nos últimos anos e da importância do envolvimento dos jovens na realidade política e social em que vivemos, do que é preciso para organizar protestos e iniciativas e mobilizar pessoas para a rua, de como se começa e quais são alguns gestos para quem não tem muito tempo ou não sabe bem como pode ajudar. As convidadas refletiram sobre o sentido que faz serem pensados os direitos dos estudantes como uma interseção de várias realidades e experiências que estes vivem, desde a experiência dos estudantes estrangeiros, dos estudantes LGBTQ+, das estudantes femininas ou dos estudantes negros.
Da mesma maneira discutiram-se as possíveis contrapartidas de um ativismo ativo, entre eles a sobrecarga emocional e o burnout, refletiu-se sobre a importância da saúde mental e algumas formas para cuidar dela. A importância de saber selecionar informação, separar o objetivo do subjetivo, identificar fontes fidedignas, estudos revistos por pares, reconhecer quem financia as pesquisas e que interesses poderão condicionar os resultados avançados foram também abordados. O excesso de informação e a manipulação de dados são questões particularmente prementes para esta geração e a capacidade de navegar essa realidade é uma das mais importantes aptidões que um estudante universitário pode desenvolver.
Em tom de despedida, a Beatriz Oliveira deixa uma mensagem para todos os jovens interessados em fazer parte do movimento da sua geração: “Há algo que dizemos sempre quando falamos em âmbitos da greve climática estudantil, ou outros eventos mais focados para o clima, que é algo muito simples, mas é a ideia de que nós somos aqueles de quem estávamos à espera, no sentido em que não há outra geração que possa tomar este peso nos seus ombros. Simplesmente não há, não é? Porque, como a Rita dizia, temos sete anos para arranjar possíveis soluções para mitigar os efeitos das alterações climáticas e não há tempo para esperar pelos nossos filhos ou pelos nossos netos para resolver este problema. Simplesmente não há. E acho que de fora tudo isto pode parecer um bocadinho assustador, não é? É o peso da propina, é a falta de cama na residência, é o peso das alterações climáticas, a nossa sociedade machista, violenta, patriarcal, etc., pode parecer tudo muito assustador. Mas, no momento em que nos envolvemos no meio do ativismo, no meio da militância política, como lhe quisermos chamar, (…) percebemos que só a luta é que dá sentido à vida e acho que toda a nossa perspetiva de ação política e toda a nossa imagem como sujeitos políticos ativos no mundo sofre uma grande alteração e a luta passa a ser o nosso grande motor. E não há nada mais importante do que lutar pelos nossos direitos.”