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Memorial do Porto aos combatentes do Ultramar gera críticas associadas ao Salazarismo

O monumento já está a ser construído, junto à Capela do Senhor e Senhora da Ajuda, em Lordelo do Ouro e tem um investimento municipal de 40 mil euros. A construção provocou críticas associadas ao salazarismo, mas Câmara defende que não pode “ficar refém das novas ortodoxias dogmáticas”.

A discussão sobre a memória do colonialismo português reacendeu-se, recentemente, com o iminente arranque das obras que retiram brasões florais alusivos às ex-colónias da Praça do Império, em Lisboa e, a polémica em torno do voto de pesar pela morte do tenente-coronel Marcelino da Mata. O projeto é assinado pelo arquiteto Rodrigo Brito e prevê a “construção de uma praça hexagonal composta por cinco lápides e oito bancos, todos revestidos a granito”.

O objetivo de edificar o memorial em homenagem aos militares do concelho foi anunciado em 2009 pela associação, constituída em meados de 2008 com esse único propósito. Inicialmente, o monumento apresentado pressupunha a instalação do memorial no exterior das muralhas do Castelo de S. João da Foz e, segundo declarações de Miguel Lencastre, da direção da associação, não contava com o apoio das entidades oficiais contactadas. Deveria ser, portanto, financiado através de doações.

Nos 12 anos que separam a primeira referência ao memorial e o avanço da sua construção, o assunto não voltou a ser discutido publicamente. Foi através da publicação na página da Câmara Municipal do Porto (CMP), efetuada a 28 de Janeiro, que os munícipes tomaram conhecimento desta obra. Neste sentido, gerou-se uma onda de críticas nas redes sociais, sobretudo, pela designação do monumento, associado ao regime salazarista. Pedro Lourenço, deputado municipal do Bloco de Esquerda (BE), afirma ao PÚBLICO que o partido soube “através do portal municipal que o monumento seria erguido com esta designação e com dinheiro da Câmara” e decidiu “levar o assunto a discussão no período de declarações políticas da assembleia municipal”.

O dirigente bloquista lamenta que a “Câmara avance sem discussão pública e sentido crítico”. Posição igualmente defendida por João Teixeira Lopes, sociólogo, professor catedrático na Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) e coordenador do Instituto de Sociologia da Universidade do Porto que argumenta que um “Memorial às Vítimas da Guerra Colonial, um conceito mais amplo, que abrange as vítimas de ambos os lados e as suas famílias” era uma melhor proposta.

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