Turbulência mantém-se na empresa, com o acionista maioritário a defender que o contrato de venda de equipamentos assinado com a TAP, que permitiu pagar salários aos trabalhadores, tem de ser anulado. Para tal, já foi convocada uma reunião do conselho de administração para esta quarta-feira à tarde.
O acionista maioritário da Groundforce, Alfredo Casimiro (dono da Pasogal, que detém 50,1% da empresa de handling), quer anular o contrato recentemente estabelecido com a TAP (grupo que detém os outros 49,9%) e que permitiu o pagamento dos salários dos trabalhadores nos últimos meses. Para isso, segundo uma fonte oficial da empresa, foi marcada uma reunião do conselho de administração da empresa para esta quarta-feira, à tarde, durante a qual será tomada a decisão de romper o acordo.
Detendo a maioria das cadeiras do conselho de administração, Alfredo Casimiro, afirmou que está a tomar este passo com base na análise do conselho fiscal e da auditora da Groundforce, a Deloitte, assim como de um parecer jurídico.
Segundo a mesma fonte, a justificação é a de que, o acordo com a TAP foi retirada à companhia de assistência em terra nos aeroportos “a capacidade de operação”. Isto porque o negócio, que envolveu 6,9 milhões de euros, consistiu na venda de bens da Groundforce à TAP desde autocarros e outros veículos ligados à logística a escadas de acesso. Contudo, a Groundforce pode alugar estes equipamentos à TAP, tendo ainda uma opção de recompra.
Esta foi a solução encontrada para pagar os salários em atraso de Fevereiro aos cerca de 2400 trabalhadores da Groundforce, bem como os vencimentos de Março e Abril (pelo menos alguns já foram pagos, segundo a Comissão de Trabalhadores).
Sem capacidade para devolver os 6,9 milhões à TAP, que teriam de ser entregues à companhia aérea com a anulação do contrato, a estratégia de Alfredo Casimiro passa agora por negociar um plano de pagamentos.
O referido acordo com a TAP foi fechado com três votos a favor – os dois administradores nomeados pela TAP SPGS e Paulo Neto Leite, o ex-presidente executivo –, a abstenção de Alfredo Casimiro e um voto contra por parte do outro administrador nomeado pelo acionista privado, Gonçalo Carvalho. Depois disso, Paulo Neto Leite foi destituído do cargo por Alfredo Casimiro, que alegou “violação grave dos deveres de lealdade”.
Com a empresa num impasse, e num clima de crispação entre acionistas, uma solução passa pela venda da posição de Alfredo Casimiro, que já lhe viu negado o empréstimo de 30 milhões de euros pedido à Caixa Geral de Depósitos e que envolvia garantias a prestar pelo Estado (via Banco de Fomento).
O empresário tem estado em negociações exclusivas com um candidato interessado, a espanhola Atitlan, mas, de acordo com fonte oficial da empresa, estas “complicaram-se” nos últimos dias.
FONTE: Público