Já só restam apenas três lojas de portas abertas. A Poetria e a Out to Lunch receberam notificação para abandonarem espaço até ao final da última semana. O prazo chegou ao fim, mas os lojistas reafirmam não existirem motivos para serem despejados. Pedido de Informação Prévia (PIP)aprovado pela autarquia prevê manutenção do comércio.
Depois de mais um confinamento, Francisco Reis e Nuno Pereira reabriram a livraria que gerem, a Poetria, nas Galerias Lumière. No entanto, ainda tinha passado pouco tempo quando chega uma carta dos proprietários do edifício a notificarem que o espaço tinha de ser desocupado no prazo de oito dias. Das dezenas de lojas que funcionavam há anos naquele espaço, atualmente, só três resistem à pressão dos donos do prédio para onde estaria prevista a construção de mais um hotel. Entretanto, o prazo dado para abandonarem o local terminou esta semana, mas os três lojistas continuam de portas abertas e sem intenções de sair dali. Os mesmo consideram que não têm de o fazer. A câmara já tinha explicado que mesmo sendo construído lá um hotel o comércio e as duas entradas do edifício teriam de se manter.
Com ligação entre as ruas José Falcão e a das Oliveiras, em 2014, as Galerias Lumière ganhavam novo fôlego com projeto renovado. Os cinemas mantinham-se fechados, mas propunha-se a criação de um pólo que conjugasse negócios na área da restauração e outros mais alternativos. O plano foi para a frente e, durante alguns anos, a vida voltou àquele centro construído na Baixa do Porto na década de 1980.
Francisco Reis e Nuno Pereira, em “pleno boom” das galerias, compram à antiga proprietária a livraria dedicada exclusivamente à poesia, no ano de 2017. Contam que nessa altura certificou-se com a administração do edifício, propriedade da Imocpcis Empreendimentos Imobiliários, de que o projeto estava de “boa saúde”. Os sócios afirmam: “Disseram que sim”. “Na altura nada fazia adivinhar o que aconteceria posteriormente”, acrescenta.
No entanto e, seguindo a tendência do que já acontecia com outros prédios da rua das Oliveiras, surgem rumores entre os lojistas de que existia a intenção de transformar o prédio em mais um hotel, somando-se a outros em construção na mesma artéria. Esses boatos, cerca de um ano depois, foram ganhando consistência.
Os proprietários das lojas foram contactados pelos donos do prédio para uma reunião, na qual lhes terá sido dito existirem planos para demolir o edifício. Consequência disso seria o abandono forçado do edifício por parte dos lojistas. “Esta era a justificação para não ficarmos aqui”, afirma. “Quando começaram a sair notícias sobre isso acabaram por desmentir”, afirmou.
Contudo, em 2019, de acordo com Francisco, há lojistas que começam a abandonar as frações onde anteriormente estavam os seus negócios, após oferta de indemnizações. “Havia muita gente com rendas em atraso. Perdoaram as rendas e pagaram mais algum”, confessa.
Em Janeiro de 2020, dá entrada na câmara um Pedido de Informação Prévia (PIP) para a instalação de uma unidade hoteleira nas Galerias Lumière. O executivo de Rui Moreira dá parecer desfavorável por acreditar não estarem garantidas a dinâmica e manutenção dos usos instalados no edifício. Quer isto dizer, que o comércio no piso térreo e a passagem entre as duas ruas teriam de ser mantidos. A autarquia adianta ter sido aprovado segundo PIP, com as devidas alterações, em Maio do mesmo ano. A verdade, é que desde essa altura que não houve, garante a autarquia, qualquer avanço após entrada do projeto corrigido para caber nas exigências da câmara. Recorde-se que, depois da aprovação, o PIP tem validade de um ano.
FONTE: Público