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Vacinação de pessoas de 40 e 30 anos pode começar já em julho

Gouveia e Melo destaca a possibilidade de Portugal desperdiçar 2,7 milhões de doses da Janssen, no entanto, considera que não se deve promover consentimento informado para a toma desta vacina abaixo dos 50 anos, porque isso pode implicar “reverter para o Estado uma responsabilidade”.

Quando a grande maioria das pessoas, a partir dos 50 anos, estiverem vacinadas contra a covid-19, o que está previsto acontecer até ao final de Junho, uma semana mais tarde arranca a vacinação da faixa etária dos 40 anos e, uma semana depois, avança a dos 30 anos, adiantou esta quarta-feira o coordenador do grupo de trabalho (task force) responsável pela execução do plano de vacinação, Henrique Gouveia e Melo, durante uma audição parlamentar.

Até 30 de Junho deverá estar “fortemente vacinada, acima de 70%”, a população acima dos 50 anos. “Passada uma semana, abrimos o processo para as pessoas acima dos 40 anos e, passada outra semana, para as de 30 anos, para acelerar a vacinação”, explicou Gouveia e Melo aos deputados da Comissão de Saúde, acrescentando que se espera ter a população acima dos 30 anos “praticamente coberta até ao final de Julho, início de Agosto”. O que significa que se “antecipa para o final de Julho, início de Agosto” a cobertura de 70% da população com pelo menos a primeira dose das vacinas. 

Esta meta poderia ainda ser atingida mais cedo se não houvesse o problema da restrição etária para a administração da vacina da Janssen (do grupo Johnson & Johnson), enfatizou, especificando que há cerca de 2,7 milhões de doses desta vacina (de toma única) que podem ser desperdiçadas por não haver, a partir de determinada altura, menores de 50 anos para serem inoculados. A vacina da Janssen está recomendada para as pessoas a partir dos 50 anos em Portugal. 

Mas Gouveia e Melo também fez questão de sublinhar que a possibilidade de os menores de 50 anos receberem a vacina da Janssen  através do consentimento informado, “de forma voluntária” – que está prevista na norma da Direcção-Geral da Saúde – ainda “está em estudo”. “A única preocupação é que não devemos promover” esta possibilidade porque isso pode implicar “reverter para o Estado uma responsabilidade”. “Uma coisa é as pessoas pedirem de forma voluntária e outra é nós promovermos esse mecanismo, incentivando, de alguma forma, esse tipo vacinação”, precisou.

Reforçou ainda que, apesar de “muitos países retiraram a barreira dos 50 anos e que os dados da vacinação que estão a ser recolhidos ainda podem” fazer com que “esta barreira desapareça” em Portugal, ficando assim “resolvido esse problema”.

No que toca à vacina da AstraZeneca, que em Portugal está recomendada apenas para maiores de 60 anos, o coordenador da task force esclareceu que este problema pode estar parcialmente resolvido, uma vez que ainda há meio milhão de pessoas abaixo desta idade a quem foi dada a primeira dose desta vacina e que são assim candidatos a receber a segunda dose.

Os menores de 60 anos têm duas alternativas: ou aceitam receber a segunda dose da AstraZeneca ou optam por ficar à espera dos resultados dos estudos sobre cruzamento de vacinas, recordou, garantindo que quem preferir aguardar por uma solução “não irá para o fim da fila”. “Fica a aguardar até se encontrar uma solução técnica em termos de saúde pública para esta vacinação.”

Sobre a capacidade dos centros de vacinação administrarem uma média de 100 mil doses por dia em todo o país, especificou que isso é possível com um turno de seis horas por dia, mas que está previsto o alargamento para até 10 horas diárias para se chegar a uma média de 140 mil inoculações diárias, a partir de meados de Junho.

Quanto ao auto-agendamento, que no fim-de-semana passado foi alargado às pessoas a partir de 60 anos, notou que este tem retirado “muito trabalho à frente de batalha – os agrupamentos de centros de saúde e as autarquias”, e afirmou que o agendamento centralizado, que agora ainda decorre em paralelo com o agendamento local (feitos pelos centros de saúde), vai passar a ser o principal.

Gouveia e Melo admitiu ainda que há “dificuldade de identificar” alguns imigrantes, o que afecta a seu processo de vacinação. E revelou que já estão a ser vacinados funcionários do SUCH (Serviço de Utilização Comum dos Hospitais), a empresa que serviços de limpeza fornece a vários hospitais.

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