O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, lamentou hoje que a suspensão da vacinação contra a covid-19 no Queimódromo sirva para “chicana política” e pressão para não reabertura da infraestrutura, que defende ser importante para a população.
“O que nos custa a nós é que por causa da chicana política esteja o senhor deputado Barbosa Ribeiro a não abrir o centro [de vacinação no Queimódromo], porque essa é que é a questão. E se é esse o trunfo, eu não jogo com esses trunfos”, declarou em resposta às críticas do candidato do PS à Câmara do Porto, Tiago Barbosa Ribeiro.
Tiago Barbosa Ribeiro, mostrou-se hoje solidário com a ‘task-force’ na suspensão da vacinação no Queimódromo do Porto, tendo acusado o presidente da autarquia de “passar culpas” e exigido o apuramento de responsabilidades.
Numa conferência de imprensa convocada ao final da tarde, o presidente da Câmara do Porto e candidato independente nas eleições autárquicas de 26 de setembro, deixou claro que continuará a “pressionar o governo, por muito que isso custe ao deputado Barbosa Ribeiro”, acusando o socialista de descer “ao mais baixo da política”.
“É absolutamente lamentável, absolutamente lamentável e é baixar ao baixo mais baixo nível da política quando subitamente aquilo que é um problema que já surgiu noutros lados agora serve para chicana política, porque ainda por cima isso representa uma crítica ao Ministério da Saúde”, disse.
Salientando que ninguém acredita que o Ministério da Saúde abriu o centro de vacinação do Queimódromo “porque o presidente da Câmara assim o entendeu”, Moreira sublinha que a autarquia mantém a sua intenção de continuar a disponibilizar os meios necessários para garantir o funcionamento daquela estrutura, por entender que a mesma é importante.
“Nós entendemos que, desde que haja condições de segurança que nós não podemos aferir, que desde que os protocolos possam ser cumpridos, consideramos que este centro de vacinação é importante para a população”, disse, perguntando onde estava Tiago Barbosa Ribeiro no dia 26 de junho, quando a autarquia teve de acionar a proteção civil para apoiar as dezenas de pessoas que se concentravam no exterior do Centro de Transmissões do Exército onde estava a decorrer a vacinação.
“Eu sei onde estava. Fui ao Centro de Transmissões, fui ver a situação em que as pessoas lá estavam. E por causa disso houve contactos com a ARS [Administração Regional de Saúde] Norte, com o ACeS [Agrupamento de Centros de Saúde] que disseram que não havia mãos a medir. (…) Nós oferecemos mais uma mão, não querem a mão, percebemos perfeitamente”, disse.
A vacinação no Queimódromo foi suspensa na semana passada, devido a uma falha na cadeia de frio tendo, posteriormente, os laboratórios Unilabs confirmado ter havido “um problema” no frigorífico de armazenamento das vacinas.
Na quinta-feira, em comunicado, a ‘task-force’ anunciou que o centro de vacinação do Queimódromo, onde, na semana passada, a vacinação foi suspensa devido a problemas de refrigeração, só reabre depois de apuradas as causas do problema e do atraso na participação da ocorrência.
A candidatura de Tiago Barbosa Ribeiro acusa Moreira de ter atacado publicamente, ao longo de meses, as autoridades em relação ao processo de vacinação e às medidas de contenção da pandemia, e de, fazendo uso “propaganda agressiva”, pressionar autoridades para a abertura de um centro de vacinação ‘drive-thru’ no Porto”, que é gerido por uma empresa privada.
“Agora, como faz sempre que há algum problema, Rui Moreira ou passa culpas para terceiros ou mantém-se desaparecido em local incerto”, observam os socialistas num comunicado.
Novamente confrontado com estas acusações, o presidente da autarquia e candidato independente nas eleições de 26 de setembro reiterou que compreenderá, se a decisão da ‘task-force’ e do vice-almirante Gouveia e Melo, for a de não reabrir o centro de vacinação do Queimódromo, ainda que, no seu entender a cidade do Porto fique a perder.
“Não vejo como teremos capacidade de resposta. Lamento que isso suceda, mas compreendo”, rematou.
De acordo com Rui Moreira, entre 08 de julho e 11 de agosto foram vacinados no Queimódromo 12.500 pessoas.
O presidente da autarquia reiterou ainda que a prestação de serviços de saúde, o fornecimento de vacinas, o controlo e o acompanhamento da operação “é da exclusiva responsabilidade do Ministério da Saúde”, estando o município responsável por garantir a limpeza, a iluminação e o policiamento.
Texto: LUSA