O antigo Museu do Romântico do Porto sofreu uma reconfiguração do espaço e de conceito passando agora a chamar-se Extensão do Romantismo do Museu da Cidade.
Esta reconfiguração, que passou pela retirada de quase todas as peças que integravam a coleção exposta, motivou uma onda de contestação de alguns portuenses que tornou-se maior após a publicação de um post no sábado à tarde na página de Facebook da Feira do Livro do Porto com a seguinte frase: “Se conhecia o anterior Museu Romântico da Macieirinha, prometemos que este novo espaço nada tem a ver com o local que outrora visitou.”
Segundo o jornal “Público”, esta contestação levou à criação de uma petição que exige “a reposição da decoração interior oitocentista do Museu Romântico da Quinta da Macieirinha no Porto”.
A petição, lançada pela criadora do site Memórias da Casa Antiga, a arquiteta Ana Motta Veiga, já leva mais de 1.300 signatários entre os quais o ex-ministro da Cultura Luís Filipe Castro Mendes, a antiga diretora-geral de Serralves, Odete Patrício, ou o historiador Gaspar Martins Pereira.
Descrição da petição:
“Provocou espanto e reacção imediata dos portuenses o orgulho com que a Câmara Municipal do Porto anunciou que desfez o Museu Romântico da Macieirinha: “O espaço despiu-se dos adereços de casa burguesa oitocentista e vestiu-se de contemporaneidade.”
(in página oficial do Facebook da Feira do Livro do Porto em 28 de Agosto de 2021)
Nos interiores esvaziados de toda a sua decoração histórica, repousam agora peças de arte contemporânea. “Museu da Cidade – Extensão do Romantismo” é o novo nome (e conceito) do Museu Romântico que pertencia à cidade e aos portuenses. Do único Museu Romântico do Porto!
Uma casa burguesa musealizada e com abertura ao público que mostrava como se vivia no Porto romântico oitocentista e que deu agora lugar a mais um espaço de contemporaneidade desintegrada como tantos outros e completamente dissociado da vivência original que (também e principalmente) constituía a sua riqueza patrimonial.
Despida da sua decoração romântica integradora a que chama a Câmara Municipal do Porto, com desprezo, de “adereços” como: o mobiliário fixo e móvel, as artes decorativas, os têxteis, a iluminação e tudo o que mais comporta (que sendo ou não originais, evocam o seu Tempo), descaracterizando os espaços, as funções e as vivências que tão bem retratavam.
Onde está e para onde vai este espólio retirado?
Como se explica aos decisores autárquicos portuenses que a Casa é um Todo e que o seu desmembramento intencional constitui clara violação patrimonial? Como se explica que poderia ser feita nova musealização integradora sem a perda da sua autenticidade residencial? Como se explica que as paredes e os espaços comportam mais do que estuques e carpintarias?
Queremos de volta o Museu Romântico da Quinta da Macieirinha. Um Museu que volte a retratar fisicamente e fielmente a realidade doméstica burguesa oitocentista. Um Museu que volte a integrar o património material e imaterial desta época histórica da cidade do Porto. Um Museu que volte a fazer parte do quotidiano portuense.
Não deveria ser assim tratada a Casa Antiga em Portugal, como casca vazia e oca da Vida da história da(s) cidade(s) e da(s) família(s) portuguesas.”
A página “Porto. O lado abandonado da cidade”, refere-se a esta reconfiguração como uma “Destruição Patrimonial” através de uma publicação onde inclui imagens antigas do Museu do Romântico e imagens atuais da reconfiguração.