Volodymyr Zelensky, presidente ucraniano, acusou hoje o Exército russo de impedir a retirada de civis das cidades sitiadas no sudeste da Ucrânia e de realizar ataques à rota prevista para o corredor humanitário de Mariupol.
Através de um dos seus vídeos, revelou que “As tropas russas não param de disparar. Apesar de tudo, decidi enviar um comboio de veículos para Mariupol, com comida, água e medicamentos”.
O chefe de estado ucraniano julgou estas ações russas um “terror presumido e descarado” realizado por “terroristas experientes”.
Volodymyr Zelensky referiu que 10.000 pessoas conseguiram sair nos últimos dias de outras cidades ucranianas envolvidas em confrontos devido à invasão russa.
Acrescentou que 40.000 pessoas, só esta quinta-feira, saíram das duas cidades através dos corredores humanitários.
O Exército russo mantém o cerco de várias grandes cidades ucranianas, continuando os seus bombardeamentos, como o caso daquele que atingiu uma maternidade e um hospital pediátrico, esta quarta-feira, em Mariupol, cidade com um porto estratégico no mar de Azov, que se encontra cercada já há dez dias.
A Rússia revelou na quinta-feira que vai abrir corredores humanitários todos os dias para permitir que os refugiados ucranianos cheguem a território russo.
O Ministério da Defesa russo diz, segundo agências de notícias russas, que “Anunciamos oficialmente que os corredores humanitários para a Federação Russa vão ser abertos unilateralmente, sem coordenação, todos os dias a partir das 10h [7h, no horário português]”.
Os corredores virados para “outras direções serão negociados com o lado ucraniano”, acrescentou.
As autoridades da Ucrânia defendem que os corredores humanitários sejam para dentro do seu país rumo ao Ocidente e abriram na quinta-feira mais sete corredores para retirar os civis de algumas das cidades mais importantes do país.
As travessias, agora seguras, estão localizadas em Mariupol, uma das cidades do sudeste da Ucrânia que mais tem sofrido com o cerco russo, além de Volnovaja, Izium, Trostianets, Krasmopil e Sumi.
As autoridades também se estão a esforçar para garantir rotas seguras para a saída da população das cidades em redor da capital: Borodianka, Bucha, Gostomel e Irpin, informou a vice-presidente-ministra e ministra para a Reintegração dos Territórios Temporariamente Ocupados da Ucrânia, Iryna Vereshchuk, citada pela agência nacional ucraniana Ukrinform.
Na madrugada de 24 de fevereiro, a Rússia lançou uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 516 mortos e mais de 900 feridos entra a população civil, provocando a fuga de mais de 2,1 milhões de pessoas para os países vizinhos, segundo os dados mais recentes da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.