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“Last Folio”: exposição no Museu da Misericórdia do Porto evoca destruição do Holocausto

No tempo em que a guerra ressurge no espaço europeu, a cidade do Porto, cumprindo o seu apanágio na defesa da Liberdade e da Paz, recebe a exposição Last Folio no MMIPO – Museu e Igreja da Misericórdia do Porto.

O MMIPO – Museu e Igreja da Misericórdia do Porto celebra, através da sua programação, um ano dedicado à “Memória”. Depois da exposição sobre os 500 anos da rua das flores e de outra relativa aos 200 anos da independência do Brasil, o museu recebe agora “Last Folio”.

Nesta aclamada mostra sentimos, através de testemunhos deixados de um tempo igualmente marcado por investidas bélicas e perseguição, a Segunda Guerra Mundial, que o reavivar da memória histórica interpela-nos. Traz a inquietude da reminiscência da tormenta que nos alerta, nos torna mais humanos e conscientes ante o sofrimento.

Richard Zimler, março 2022

A Santa Casa da Misericórdia do Porto enfatiza, com a realização desta exposição, a sua comunhão de valores de tolerância, inclusão e preservação da memória, com a Comunidade Judaica do Porto.

“Last Folio” vai estar patente no MMIPO – Museu e Igreja da Misericórdia do Porto de 15 de julho a 20 de novembro de 2022 e contará com o alto patrocínio das embaixadas da Eslováquia, do Canadá e da Alemanha, da Câmara Municipal do Porto e da Santa Casa da Misericórdia do Porto.

Não poderíamos acolher esta exposição em momento mais oportuno, mais necessário. É uma manifestação artística e uma representação histórica do que nunca devia ter acontecido, de um erro. São as ruínas de um presente que se interrompeu, mas que se perpetua, e de um futuro que nunca existiu. É perceber que a vida parou e que jamais voltará ao momento de antes. Obriga-nos a sentir a vulnerabilidade de quem ficou para trás e de cada um de nós no agora.

António Tavares, Provedor da Misericórdia do Porto, julho 2022

Last Folio – Danish Subtitles_h264.mov from Katya Krausova on Vimeo.

A exposição:

O fotógrafo de renome mundial Yuri Dojc e a cineasta Katya Krausova iniciaram um périplo em busca de testemunhas sobreviventes de uma cultura judaica quase extinta.

Encontraram memórias dolorosas, guardadas no “vão de escada” da História da Europa Central de meados do século XX.

A pertinência desta exposição, neste tempo em que a Guerra voltou à realidade da vivência europeia, é esmagadora.

Foi numa pequena cidade eslovaca, na fronteira entre a Polónia e a Ucrânia (esta precisamente o alvo do sempre torpe ataque bélico a que hoje assistimos), que, numa abandonada escola judaica, foram captadas imagens de despojos. Verdadeiros testemunhos cujo pó e perecibilidade mostram a passagem do tempo, a inalterabilidade de algo que já existiu, mas também de testificação, de perenidade memorial de uma comunidade desvanecida em 1942.

Aqui temos o Last Folio.

Esta exposição internacional e o documentário que a acompanha começaram a sua viagem em 2009 e fascinaram visitantes em três continentes, nos mais emblemáticos e relevantes espaços. Foram objeto das mais laudatórias críticas, um pouco por todo o mundo.

Todo este simbolismo e congruência ganham ainda mais força neste período que nos assola. No preciso momento em que o Porto recebe o Last Folio, a História clama pela sua Memória, para que a tormenta do passado seja um instrumento no sentido de a evitar no presente e no futuro.

A exposição começou a sua jornada em 2009, na Biblioteca de Manuscritos de Cambridge. Mais tarde, para marcar os 70 anos do fim da Segunda Guerra Mundial, a exposição esteve patente no edifício das Nações Unidas, em Nova Iorque, seguida por Berlim e Moscovo e em muitas outras capitais um pouco por todo o mundo. Atualmente, diversas imagens da exposição já fazem parte do acervo permanente da Biblioteca do Congresso de Washington (EUA).

Sobre os autores:

Yuri Dojc e Katya Krausova, um fotógrafo e uma cineasta, nasceram ambos na antiga Checoslováquia, tendo emigrado por razões políticas para Canadá e Inglaterra, quando, em 1968, o seu país de nascença foi invadido pelas tropas soviéticas. Os seus destinos cruzaram-se pelo seu interesse comum em aprofundar a sua história pessoal e dolorosa história do seu país.

Yuri e Katya iniciaram uma jornada em busca de testemunhas sobreviventes de uma cultura judaica quase extinta. Encontraram pessoas e histórias nunca antes contadas. Memórias dolorosas do que aconteceu na Europa Central em meados do século 20. Refizeram o trajeto de muitas vidas e deixam-nos uma mensagem inquietante para o nosso espírito crítico.

“Nunca, mas mesmo nunca, confiar naqueles que nos querem dividir e separar a pretexto de quaisquer valores.”

Entrada: 5€

Para todas as idades.

Todos os dias das 10h00 às 18h00

Rua das Flores, 15 4050-265 Porto

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