Eterno, Rui Filipe e amor paterno
Domingo, dia 19 de Março, o “Relato à Dragão”, “a Paixão da Nação”, fez mais uma romaria pelas diversas casas do FC Porto, desta vez, todos os caminhos foram desaguar a Vale de Cambra.
Casa “a rebentar pelas costuras”, ambiente muito divertido e descontraído à chegada, com inúmeras brincadeiras com o nosso trio (Luigi Mesquita, David Guimarães e Pedro Ferreira) mal entrou no reduto.
Durante a partida, a postura dos adeptos foi sempre muito fervorosa e ligada ao rumo dos acontecimentos que, no final, não foram favoráveis aos azuis e brancos. Apesar da consternação pelo empate com a sabor a (quase) derrota (no campeonato), houve tempo para momentos muito impactantes.
Conversamos com o dirigente (e cozinheiro, com avental à FCP) Samuel Tavares. “Aqui em Vale de Cambra há tudo de bom, desde o vinho, a vitela, ao cabrito, temos bons pratos, come-se muito bem, a um preço que, nos dias de hoje, é difícil encontrar”, referiu, aconselhando a visita à cidade.
“Há muitos portistas em Vale de Cambra. Temos muitos sócios, com grande camaradagem, estamos aqui todos juntos todas as vezes que o FC Porto joga, é com muita animação que nos reunimos todos aqui. Fazemos festas, grandes jantaradas, entre amigos portistas, é divertido, ressalvando o “amor à camisola” dos portistas valecambrenses.
A “presença” de Rui Filipe não foi esquecida, futebolista dos dragões, autor do primeiro golo da caminhada do penta, iniciada em 1994, morreu tragicamente num acidente de viação em Agosto desse ano, enterrado na igreja de Santo António em Vale de Cambra, de onde era natural.
“A morte do Rui Filipe foi muito triste, uma grande perda de um grande jogador aqui de Vale de Cambra. Um homem bom, uma pessoa espectacular, dada, falava, brincava, gostava da amizade, gostava dos amigos, extrovertido, gostava de estar sempre onde os amigos estivessem, estava sempre presente”.
Como jogador podia podia ter sido “um Pelé de Vale de Cambra”, afirmou Samuel Tavares. Já David, o nosso comentador, falou sobre as qualidades do centrocampista, sobretudo da “grande qualidade de remate”, pedindo um grande aplauso da Casa para a “alma viva” que ainda hoje reluz.
Foi feita ainda uma menção especial a Artur Barbosa, o grande obreiro da visita da nossa equipa, o “relações públicas da Casa”, como é carinhosamente apelidado pelos seu companheiros.
Como era “Dia do Pai”, David Guimarães apresentou o seu progenitor, Amândio Guimarães, companheiro de portismo desde sempre (mencionando ainda o avô). “No início, o futebol é uma declaração de amor ao pai”, falou embargado o nosso comentador. “Gosto muito de comentar aqui mas das coisas que mais me fazem falta é ver os jogos ao teu lado”. O pai mostrou-se muito emocionado e comovido, orgulhoso pelo trabalho do seu filho, pela parceria com Luigi Mesquita, uma “gestão cooperativa, como o futebol deve ser”, ressalvando a importância do desporto rei como “escola” de vida e como “escola” da vida do seu rebento. “Ser pai é passar a outra dimensão, dimensão de proteger e ensinar”, afirmou, abraçado ao filho.
Luigi também não deixou de falar do seu pai, José Mesquita, que infelizmente já nos deixou, lembrando ter sido o primeiro ouvinte da primeira emissão da Rádio Portuense e o adepto número um a escutar os relatos do seu filho, “decerto esteve aqui a acompanhar a nossa emissão, não de forma física mas de forma espiritual. Deve estar orgulhoso do trabalho realizado”, afirmou com a voz trémula o nosso relator, regozijando, ele que já é pai duas vezes, com a prenda dos seus filhos, umas gomas, que adorou e devorou… “já as comi todas”, brincou.
Por fim falamos com o Presidente da Casa, Carlos Pinho, que demonstrou “enorme orgulho” em receber de novo os membros da Rádio Portuense, convidando para voltarem muito em breve, com promessa de “uma chanfana de javali”. David aproveitou para lançar a “competição do melhor javali”, pois já tinham degustado um, magnífico, aquando da visita do “Relato à Dragão” à Casa do FC Porto de Figueira de Castelo Rodrigo.