Turistas aumentam vendas nas lojas de moda do Porto

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O crescimento do setor turístico no Porto está a repercutir-se no setor têxtil e design de moda, assumem vários estilistas com lojas na cidade que nos últimos anos registaram aumentos na ordem dos 20% no volume de negócios.

A explosão de turistas no Porto é um facto registado nos últimos anos e o crescimento de dormidas em 2016 no Porto e Norte de Portugal fechou com um crescimento de 12,31%, atingindo quase 6,9 milhões de dormidas, um valor próximo dos sete milhões previstos na Estratégia 2020, segundo dados oficiais do Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP).

Chineses, brasileiros, russos, australianos, mexicanos, suecos e norte-americanos são alguns dos turistas que chegam ao Porto e que trilham a rota turística da moda na cidade, provocando aumentos de vendas nas lojas na ordem dos 20%, ou mesmo taxas de crescimento na ordem dos 100%.

“O volume de vendas aumentou mais ou menos 20%, devido à faixa de clientes internacionais”, contou à Lusa o designer Luís Buchinho, com loja na Baixa do Porto, enumerando que quem a procura cada vez mais são os turistas asiáticos, mas também espanhóis, muitos franceses, clientes do Canadá, Austrália e Holanda.

Buchinho confirma que o cliente internacional é maioritariamente europeu, mas há uma tendência para haver um mercado cada vez “mais alargado”.

Para o ‘designer’, o “paradigma” no Porto mudou e se antigamente a clientela consumia o Porto de uma maneira mais jovem e para a “vida boémia”, atualmente “começa a haver um cliente que é sensível a uma marca que nunca esteve disponível no seu país ou que lhe suscita interesse por ser uma marca local”.

Já a criadora Katty Xiomara, com ateliê montado na Rua da Boavista, junto à Casa da Música, e que recentemente apresentou em Nova Iorque a sua coleção outono/inverno 2017/2018, conta que recebe turistas oriundos dos Emirados Árabes, China, passando pelo Brasil, Canadá, EUA ou Bélgica.

Os turistas que visitam aquela loja “compram sempre alguma coisa (…) e isso naturalmente faz aumentar as vendas”, confessa Katty Xiomara.

Devido ao aumento do turismo na cidade, a designer Inês Torcato, 26 anos, abriu loja com o seu pai, Júlio Torcato, em janeiro deste ano junto à igreja de Cedofeita, bem perto da zona do Porto conhecida como ‘Bairro das Artes’.

Apesar de não ter termo de comparação, porque não tinha loja antes do “boom” de turismo no Porto, as vendas “para já têm corrido bem” e estão a “corresponder às expectativas” que a marca Júlio e Inês Torcato delineou.

Na loja Daily Day, na Avenida dos Aliados, detentora da marca portuguesa LaGofra, o proprietário, Filipe Prata assume à Lusa que notou um “óbvio” aumento de vendas, desde que abriu há 15 meses o seu ponto de venda.

Filipe Prata fala mesmo em “mega vendas”, em especial no verão e no pós Natal, altura em que registou taxas de crescimento de “100% nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro”.

“O verão e o pós Natal trazem turistas longínquos, da China, México, Austrália, Brasil e Rússia. É um turismo muito especial, com critérios e poder de compra” e que quer “saber da origem das peças e dos tecidos”, conta Filipe Prata, 41 anos, que colocou de lado o seu curso de Engenharia Civil para se dedicar ao setor têxtil.

Já o criador Pedro Pedro tem dois pontos de venda no Porto e, à Lusa, destaca que o alargado número de turistas na cidade também se reflete na procura das suas peças, havendo mesmo uma “filosofia engraçada” de vendas, porque como os turistas muitas vezes são de países nórdicos, onde está frio, gostam de comprar peças de inverno quando no Porto é verão.

As vendas estão a “correr muito bem”, principalmente com turistas franceses, suecos e noruegueses, disse Pedro Pedro, conhecido no mercado interno pelos seus casacos, peça que coincidentemente também é a que mais vende junto dos turistas.

O Instituto de Turismo, em parceria com o TPNP e o Aeroporto do Porto, traçou o perfil do turista que visitou o Porto e Norte de Portugal durante outubro de 2015 a março de 2016 e as conclusões mostravam que o valor do consumo médio por estada fixava-se nos 745 euros, ou seja um aumento de 13 euros comparativamente ao gasto apurado em igual período de 2014/15.

 

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