Homem acusado de espancar e filmar vítima a morrer no Porto
O Ministério Público (MP) usa expressões como “malvadez” e “baixeza de caráter” para classificar o comportamento de um homem de 22 anos que infligiu um “espancamento brutal” e fatal a um sexagenário do Porto, filmando-o em agonia.
Enquanto filmava a vítima, de 66 anos, “nos seus últimos momentos de vida”, o arguido dirigia-lhe insultos associados às suas preferências sexuais, “retirando prazer desse ato”, acabando por lhe roubar alguns bens pessoais e prosseguindo a sua vida “como se nada se tivesse passado”, refere a acusação do processo consultado esta quinta-feira pela agência Lusa.
O arguido nasceu na Colômbia, mas adquiriu nacionalidade espanhola. Tinha pendente um mandado de detenção europeu, emitido pelas autoridades de Espanha para cumprir 14 anos de prisão por outros crimes, mas, segundo a acusação, o sexagenário morto no Porto desconhecia tal circunstância quando o acolheu.
Sabia apenas, diz o MP, que tinha sido expulso de uma casa-abrigo do Porto “por questões de mau comportamento” e quis acolhê-lo na sua residência, retirando-o à condição de sem-abrigo e chegando mesmo a pagar-lhe as despesas.
“Desprezando toda a ajuda recebida”, lê-se no processo, o arguido roubou e maltratou o sexagenário, mesmo quando este lhe deu uma segunda oportunidade de ficar na sua residência, num crescendo de agressividade que culminou, “sem motivo aparente”, no espancamento que revelaria fatal.
O espancamento, seguido de roubo de bens pessoais da vítima, foi consumado entre as 11h00 e as 14h00 de 11 de fevereiro de 2019, na residência do ofendido, situada num primeiro andar da Rua de Santos Pousada, no Porto e a vítima foi encontrada cadáver no dia seguinte, por uma vizinha.
Em consequência dos murros, joelhadas e pontapés que lhe foram infligidos, o sexagenário ficou com lesões traumáticas crânio-meningo-encefálicas e faciais que determinaram a sua morte, segundo o relatório da autópsia.
O processo descreve a vítima com uma pessoa “pacata, educada, culta, discreta” e poliglota, que sobrevivia com uma reforma de 800 euros e que “passava o seu tempo nas bibliotecas municipais, a ler, ou nos computadores”.
Já o arguido é descrito como pessoa com instintos de “malvadez”, “perversidade” e “baixeza de caráter”.
O julgamento vai realizar-se no Juízo Central Criminal da Comarca do Porto (tribunal de São João Novo), estando já agendadas audiências para 25 de setembro e 2 de outubro.
O arguido está em prisão preventiva à ordem deste processo no Estabelecimento Prisional do Porto.
Por Lusa