A notícia está a ser avançada pela RTP. José Mário Branco, natural do Porto, tinha 77 anos, e distiguiu-se como cantor de intervenção.
Em agosto de 2018, o músico tinha lançado o que viria a ser o seu último disco, que reuniu inéditos gravados ao longo da carreira.
Popular com a marcha “São João do Por to”, erudito com o quarteto instrumental em três andamentos “Fantaisie Languedocienne” , intervencionista com “Mãos ao ar”, estudioso do cancioneiro português com cantigas de amigo.O duplo CD “Inéditos 1967-1999” mostrou José Mário Branco em toda a sua dimensão criativa e estética.
Um disco que resgatava 26 temas ao vasto espólio do músico, que tinha ficado guardado. José Mário Branco já não gravava desde 2004 e tinha decidido fazer uma pausa nos concertos. “O Mundo mudou tanto que não me senti bem a cantar as músicas do costume”, confessou, na altura, em entrevista ao JN.
O ano passado acabou por ser o último ano de atividade pública do autor do clássico álbum “FMI”. No mês seguinte, regressou à cidade Invicta. Mais de 60 anos depois, José Mário Branco voltou a calcorrear as amplas avenidas que ladeiam os jardins do Palácio de Cristal. Desta vez, não para andar nos carrosséis e nos carrinhos ou comer algodão-doce e farturas, como na altura em que o recinto acolhia a feira popular, mas para ser o autor homenageado na edição deste ano da Feira do Livro do Porto.
Terá sido por esse regresso “a um lugar mítico da infância”, como admitiu, que o histórico músico abriu uma exceção na sua habitual recusa em marcar presença nas homenagens de que costuma ser alvo. “Em miúdo, quando morava em Leça da Palmeira, na altura um bairro de pescadores pobres, já fazia a avenida toda a salivar sempre que os meus pais me traziam à feira popular”, recordou, na cerimónia de atribuição do seu nome a uma tília na avenida principal dos jardins do Palácio. Honrado por fazer parte de uma lista onde constam “vários membros do meu comité central clandestino, como Sophia”, comparou o ato de viver à
personagem mitológica de Sísifo, condenada a carregar para todo o sempre um penedo pela encosta acima. “Só que, ao contrário do mito grego, a nossa montanha vai crescendo sempre um bocadinho. Não é uma condenação ao inêxito. É antes uma condenação ao futuro”, defendeu.
José Mário Branco nasceu no Porto, em 1942. Gravou o seu primeiro disco “Seis cantigas de amigo”, em 1967. Ao longo de uma carreira de cinco décadas, produziu música de vários géneros e para vários artistas portuguese, com Camané ou Kátia Guerreiro. Da sua discografia, destacam-se também “Mudam-se os tempos, mundam-se as vontades” (1971), “A cantiga é uma arma” (1976), “A mãe” (1978), “FMI” (1982) ou “Correspondências” (1990).
Artigo Fonte: Jornal de Noticias