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Enfermeiros obrigados a descontar isolamento nas horas extra

Enfermeiros que se encontram em isolamento profilático obrigados a converter esses dias em férias ou a descontar no banco de horas extraordinárias. “É inadmissível”, diz Ordem.

A Ordem dos Enfermeiros (OE) denunciou este domingo que há instituições de saúde que estão a obrigar os enfermeiros que se encontram em isolamento profilático a converter esses dias em férias ou a descontar no banco de horas extraordinárias.

“Isto é inadmissível. Estamos em estado de emergência devido a uma pandemia e a organização passa por equipas de enfermeiros que estão de prevenção renderem os outros que estão trabalhar. Não pode haver contagem de horas ou desconto de dias de férias”, criticou o vice-presidente da Ordem dos Enfermeiros Luís Filipe Barreira, em declarações à agência Lusa.

“Neste período de pandemia, os enfermeiros são obrigados a ter total disponibilidade. Pedimos organização de equipas de trabalho para que a segurança dos profissionais esteja garantida e evitar-se o risco de muitos profissionais ficarem infetados. Os enfermeiros que estão em casa não estão de férias”, disse este responsável à agência Lusa.

Os enfermeiros que estão em casa em quarentena profilática durante 15 dias estão de prevenção e “estão a pedir-lhes que convertam os dias em tempo de férias ou que descontem os dias no crédito das horas extraordinárias que têm ou que fiquem com horas negativas”, criticou.

Para o dirigente da OE, os enfermeiros diretores, que fazem parte dos conselhos de administração das unidades de saúde, que estão a obrigar os enfermeiros a descontar horas ou a considerar os dias em casa como gozo de férias, “estão a desrespeitar quem está na linha da frente” no combate à pandemia por covid-19.

“Os enfermeiros que neste momento estão em casa em isolamento profilático vão substituir os outros que neste momento estão a trabalhar muitas vezes em turnos de 24:00. E por questões de segurança dos doentes e dos profissionais, as equipas não se devem cruzar nas unidades de saúde”, alertou Luís Filipe Barreira, também coordenador do gabinete de crise da Ordem.

Outra das queixas que tem chegado à Ordem é a falta de material de proteção individual.

“Temos recebido muitas denúncias de enfermeiros a queixarem-se da falta de material de proteção. O Governo diz que tem sido distribuído material, mas aos serviços tem chegado muito pouco e isso cria uma sensação de insegurança aos profissionais que podem ser infetados ou infetar os doentes”, advertiu.

A Ordem diz estar a aguardar a norma da Direção Geral da Saúde que defina as unidades de saúde que irão receber suspeitos de serem infetados com coronavírus ou doentes com a covid-19.

Portugal encontra-se em estado de emergência por causa da pandemia da covid-19 desde as 00:00 de quinta-feira e até às 23:59 de 02 de abril.

Em Portugal, há 14 mortes e 1.600 infeções confirmadas e, de acordo com os dados da Direção Geral da Saúde, há mais 320 casos confirmados de infeção do que no sábado.

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