Requalificação do Cinema Batalha estará concluída até ao final do ano

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Até ao final deste ano, a requalificação do Cinema Batalha estará concluída e a abertura ao público acontece já no início de 2022. A estratégia programática desenhada para este símbolo cultural da cidade, que adotará a nomenclatura “Batalha Centro de Cinema”, foi apresentada esta segunda feira por Rui Moreira e por Guilherme Blanc, que o presidente da Câmara do Porto anunciou como diretor artístico do novo projeto municipal. Como missão, uma instituição “aberta, participada, estimulante e também divertida”, vocacionada para pensar a cultura a partir do cinema.

Três anos depois de o Município do Porto ter anunciado a requalificação do Cinema Batalha e com obra em curso há mais de dois, o futuro deste equipamento municipal vislumbra-se agora com mais nitidez no horizonte.

A previsão da conclusão das obras de requalificação, gerida pela empresa municipal GO Porto, tem mira apontada para o final de 2021, tempo para que a Câmara do Porto dê mais um passo nesta empreitada, focado no trabalho imaterial da sua gestão e programação.

Rui Moreira revelou, em reunião de Executivo Municipal, que a nova instituição pública, centrada na divulgação de correntes cinematográficas, cultura fílmica e investigação em cinema, abrirá no início de 2022, em fevereiro, enquanto “Batalha Centro de Cinema”, equipamento onde se pretende criar uma “relação expandida e crítica com os seus mais diversos públicos e agentes, permitindo que a cidade veja nascer uma instituição aberta, participada, estimulante e também divertida”.

O cinema enquanto lugar de conhecimento e inclusão

Segundo o diretor artístico Guilherme Blanc, o Batalha Centro de Cinema “não pretende ter a missão exclusiva de programar cinema histórico, ou dedicar-se a estreias de filmes que entram no circuito comercial, mas antes propor uma programação que estimule o conhecimento e fruição cultural através das múltiplas formas de fazer e pensar o cinema”.

A missão estratégica do Batalha, continuou o responsável, “será dar a conhecer obras e práticas fílmicas relevantes no cinema, introduzir debates e discursos contemporâneos através das múltiplas possibilidades estéticas e formais do cinema e da imagem em movimento”, além de disseminar obras sem canais de difusão em Portugal e estabelecer parcerias com os agentes programadores da cidade, detalhou Guilherme Blanc que, até ao final do ano passado, exerceu funções de diretor artístico do Departamento de Arte Contemporânea e de Cinema, na empresa municipal Ágora.

O Batalha pretende ainda dar apoio à investigação no domínio da História do Cinema e do pensamento crítico sobre imagem em movimento, e promover ações de cruzamento disciplinar com outras artes, nomeadamente as visuais, através de projetos expositivos e performance.

Um dos pontos-chave do programa é a sua ligação com a comunidade. “Em alternativa a trabalharmos um projeto educativo per se, queremos introduzir uma dimensão programática onde se trabalhe, em primeira linha, a inclusão social e cultural através do acesso ao cinema, passando isto pela educação, mas também pela criação de comunidades de cinefilia junto a diferentes grupos de diferentes identidades, demografias e culturas”, afirmou Guilherme Blanc.

A estrutura programática, avançou ainda o diretor artístico, contemplará a apresentação de monografias e ciclos retrospetivos de obras e práticas de cinema individuais, e também de movimentos; ciclos discursivos/temáticos, “através dos quais iremos debater assuntos políticos, culturais e filosóficos”; focos sobre cineastas e artistas contemporâneos, nacionais e internacionais. Além da proximidade à comunidade, o Batalha Centro de Cinema também apostará em programas anuais de continuidade, acolhimentos e parcerias, sessões especiais, entre outras disciplinas.

Os novos espaços do Batalha

O edifício do histórico Cinema Batalha foi arrendado pela Câmara do Porto por um período de 25 anos. “O nosso desejo inicial era adquirir o imóvel, mas tal não foi possível. A família Neves Real, proprietária do edifício, não pretendeu afinal vendê-lo”, esclareceu o presidente da Câmara do Porto.

A empreitada correspondeu a um investimento municipal de aproximadamente 4 milhões de euros e teve início a 18 de novembro de 2019, depois de ter sido aprovada pelo Tribunal de Contas, a 31 de outubro do mesmo ano.

O projeto de arquitetura ficou a cargo do Atelier 15, de Alexandre Alves Costa e Sérgio Fernandez. Rui Moreira destacou que “os dois nomes incontornáveis da escola do Porto – aliás, com ligações históricas ao equipamento” conceberam um projeto que dá resposta aos “desafios tecnológicos” e “usos culturais” previstos para o Batalha, “ao mesmo tempo gerindo as vicissitudes patrimoniais de um edifício singular, classificado, em 2012, como Monumento de Interesse Público”.

Para além das suas duas salas de projeção preparadas para exibição de formatos digitais e analógicos – a Sala Grande com 341 lugares e a Sala Estúdio com 126 lugares –, o Batalha Centro de Cinema integrará um espaço de galeria de 65m2 dedicado às artes visuais, uma biblioteca especializada em cinema, que pretende ser “um epicentro” daquilo que é o acervo documental sobre a sétima arte, e ainda uma mediateca dedicada ao património fílmico da cidade do Porto, com um arquivo digital que será trabalhado ao longo dos anos. O espaço renovado incluirá ainda um bar, resultante da recuperação do antigo salão de chá e café – onde nos anos 70 foi construída a Sala Bebé – e que estará equipado para exibições e performances.

Desde janeiro de 2021, já existe “uma equipa nuclear” a trabalhar no projeto, que foi constituída “para desenvolver projetualmente de raiz todas estas ideias”, avançou Guilherme Blanc.

O diretor artístico do Batalha Centro de Cinema começou a programar cinema no Porto ainda enquanto estudante em Direito, tendo vivido e trabalhado em Londres vários anos, em instituições como o Barbican, a Whitechapel, o ICA ou o Institut Français. Em 2013, Guilherme Blanc regressou ao Porto, a convite de Paulo Cunha e Silva, para trabalhar como seu adjunto. Ao longo dos últimos anos, dirigiu a nível artístico projetos como a Galeria Municipal do Porto, o Fórum do Futuro, o Cultura em Expansão e a Feira do Livro do Porto.

Oposição agradada com nova vida do Batalha

O vereador do PS Manuel Pizarro disse que “esta é uma boa notícia e estamos nesta fase muito necessitados de boas notícias”. “Felizmente vamos poder reviver o Cinema Batalha, de uma forma extremamente criativa e moderna”, realçou.

Opinião idêntica à do vereador social-democrata, Álvaro Almeida, que assinalou que o projeto Batalha Centro de Cinema “é claramente bem pensado e coerente”.

Ilda Figueiredo, vereadora da CDU, congratulou-se com a reabertura do Batalha, lembrando que “foi custoso” ver o tempo que a cidade não pôde dispor deste equipamento cultural, fechado e em degradação há mais de uma década, antes do início das obras. “É com alegria que vejo que dentro de pouco tempo teremos o projeto a funcionar em pleno”, referiu.

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