A Cimeira Europeia Universidade & Cultura nasce da premissa de que “o livre acesso ao património cultural académico” construirá “uma cultura universitária simultaneamente artística e científica”, comunica a Universidade do Porto.
A iniciativa, decorrendo em formato ‘online’ nos dias 29 e 30 de março, surge no âmbito da Presidência Portuguesa da União Europeia e é organizada pelo Plano Nacional de Artes e pela Universidade do Porto, que vai avançar com o Corredor Cultural da cidade, como ponto de partida para o objetivo de corredores culturais em Portugal e no espaço europeu.
O encontro dará início pelas 09:00 horas em ambos os dias, e conta com as intervenções da ministra da Cultura, Graça Fonseca, do ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, do comissário do Plano Nacional das Artes, Paulo Pires do Vale, do reitor da Universidade do Porto e presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), António de Sousa Pereira, da Comissária Europeia para a Inovação, Mariya Gabriel, da Comissária Europeia para Coesão e Reformas, e do presidente da Associação das Universidades Europeias, Michael Murphy. A iniciativa conta ainda com a participação de representantes de instituições internacionais e de países da União Europeia.
O ensaísta Alberto Manguel, do Centro de Estudos da História da Leitura, em Lisboa, a museóloga Jane Pickering, diretora do Museu Peabody de Arqueologia e Etnologia, de Harvard, nos Estados Unidos, o filósofo e investigador Daniel Innerarity, professor de Ciência Política da Universidade do País Basco e da London School of Economics, são outros dos intervenientes do primeiro dia da cimeira, à semelhança da comissária europeia da Coesão e Reformas, Elisa Ferreira, e do presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira.
“Que papel pode ter a universidade no acesso democrático ao património e às artes?” e “Como cruzar instrumentos e metodologias da ciência e das artes para construir conhecimento novo?” são algumas das temáticas que especialistas europeus e responsáveis políticos vão debater durante a iniciativa.
Os diferentes painéis da cimeira abordam o acesso democrático ao património cultural, as artes como estratégia (para prestar atenção ao outro), como fonte de saúde e bem-estar e como dinamizador do desenvolvimento local e regional, a visão do mundo entre a ciência e a arte, a integração da experiência artística nos planos de estudos superiores, e os museus no “coração” das universidades.
Na ordem de trabalhos, que se estende ‘online’ durante dois dias, encontram-se participantes tão distintos entre si como o reitor da Universidade Católica de Lovaina, na Bélgica, Ralph Dekoninck, o professor Rui Carvalho Homem, da Universidade do Porto, a coreógrafa Madalena Victorino, a professora, ensaísta e poeta Ana Luísa Amaral, o diretor artístico do Teatro Nacional São João, Nuno Cardoso, o artista urbano Miguel Januário (conhecido por ±maismenos±), o diretor do Museu de História Natural da Universidade de Oxford, Paul Smith, o diretor do Observatório Português das Atividades Culturais, José Soares Neves, e o presidente da Associação Portuguesa de Sociologia, João Teixeira Lopes.
No âmbito da temática das boas práticas, a Universidade do Porto vai avançar com o Corredor Cultural do Porto, iniciativa que se inicia no próximo ano letivo, e que visa “transformar a universidade num verdadeiro lugar de cultura”.
“A iniciativa vai promover o livre acesso de estudantes universitários, nacionais e estrangeiros, às estruturas museológicas da Universidade, da autarquia portuense e ainda do Museu Nacional Soares dos Reis”, esclarece a instituição.
Os estudantes terão ainda descontos de 50% em bilhetes para espetáculos no Teatro Nacional São João, no Teatro do Campo Alegre e no Teatro Rivoli.
“Este acesso livre, assim como a política de descontos, irá abranger todos os estudantes do Ensino Superior, de instituições públicas e privadas, de todos os países abrangidos pelos acordos Erasmus+”, refere.
A iniciativa será proposta às restantes universidades portuguesas para que, numa primeira fase, “se possa concretizar um Corredor Cultural Português”, afirma a Universidade do Porto, acrescentando que o objetivo é que todos os estudantes universitários possam, independentemente do país de origem, “usufruir de um Corredor Cultural Europeu que inclua museus e salas de espetáculo”.
Paralelamente, a Universidade do Porto vai também oferecer, a partir do próximo ano letivo, novas unidades curriculares com “competências transversais” de base cultural ou artística para os estudantes de todas as áreas de formação.
Citada no comunicado, a vice-reitora da área da Cultura da Universidade do Porto afirma que “é urgente regressar à ideia dos museus como instituições públicas de conhecimento”.
Para Fátima Vieira é “imperativo que os museus se tornem parte integrante da vida no campus, espaços de encontro que motivem a aprendizagem, a investigação, a livre circulação de ideias e a criação de imaginários científicos e culturais”.
“É fundamental que os museus partilhem as coleções em acesso aberto, contribuindo, de forma consistente, para a transformação digital da sociedade, consolidando as políticas democráticas da União Europeia”, acrescenta.
Fonte: Jornal de Notícias