Protesto contra abate de árvores em Miramar
O grupo dos Amigos de Miramar, Gaia, reuniu-se esta segunda-feira na avenida principal para demonstrarem o descontentamento contra mais um abate de árvores.
“É um sentimento de frustração. O pior dos cenários”. Foi desta forma que reagiram, na manhã desta segunda-feira, os membros do grupo de Amigos de Miramar, Gaia, perante a possibilidade de serem abatidas mais árvores na Avenida Vasco da Gama, para ser construído um túnel na passagem de nível.
A informação chegou na passada sexta-feira com vários avisos espalhados pelas árvores que seriam abatidas, onde era pedido aos moradores que não estacionassem junto aos plátanos que estavam marcados.
O corte acabou por não acontecer esta segunda-feira, porque os moradores recusaram-se a retirar as viaturas da via.
Alexandra Camacho, dos Amigos de Miramar, explicou ao JN que depois de no ano passado terem criado uma petição – com quase três mil assinaturas – pedindo alterações ao projeto da Infraestruturas de Portugal (IP), esta entidade e a Câmara de Gaia acabaram por aceder às propostas do grupo. “Tanto que estava previsto o abate de 69 árvores e só metade foi cortada”, frisou.
Daí que o grupo, que esta segunda-feira se reuniu em protesto na avenida principal de Miramar, tenha mostrado a sua revoltado com a decisão de voltarem a cortar árvores.
“Estão a destruir um património inestimável. A ir completamente contra as novas políticas de urbanismo que dizem que as cidades devem ser para as pessoas”, desabafou Alexandra.
Já para Tiago Lafuente, é “inadmissível” as entidades em causa “falharem um acordo”.
Em causa está a renovação do troço entre Espinho e Gaia da Linha do Norte, que foi adjudicada por 55,3 milhões de euros, depois de ter recebido visto do Tribunal de Contas, conforme a IP tornou público em julho.
No centro da polémica está a construção de um túnel na Avenida Vasco da Gama, artéria conhecida pelos plátanos centenários que ladeiam a zona de circulação de carros e peões.
A IP previa construir um túnel de 5,5 metros de altura, mas entretanto, com a revisão do projeto, estava previsto que fosse de apenas quatro, o que encurtaria a extensão deste acesso e, com isso, obrigaria a cortar menos árvores.
Contactada pelo JN, fonte da Autarquia de Gaia referiu que “a obra é da responsabilidade da IP, tendo a Câmara assumido um envolvimento para adequar o projeto às reclamações das pessoas aí residentes”. E acrescentou: “O que sabemos é que é falso qualquer abate de dez árvores. Mantemo-nos em contacto com a IP para garantir o cumprimento do acordo estabelecido, na certeza da importância da obra para o concelho e para a região”.
A mesma fonte destacou : “Esperamos que todos se lembrem que esta obra visa garantir a segurança de pessoas, num quadro de uma linha de comboios onde têm ocorrido situações que colocam vidas em jogo. Isso é o mais importante”.
Fonte: JN