Plataforma de Comunicação Digital

Cidade do PortoCultura

Siza Vieira desenha a Paixão de Cristo e expõe nos Clérigos

Juntamente com o cardeal D. José Tolentino, Siza Vieira lança novo livro sobre a espiritualidade e a excelência teológica das artes.

“A questão sobre Deus é o não saber explicar” é o título do livro de D. José Tolentino de Mendonça e Álvaro Siza Vieira, envolvendo os 45 desenhos da autoria do arquiteto, em exposição nos Clérigos, no Porto, e diz respeito às conclusões com o cardeal sobre a espiritualidade causada pela arte e pela arquitetura.

Por questões de saúde, D. Tolentino não esteve presente no lançamento do livro, na passada terça-feira, na abertura da exposição dos desenhos de Siza sobre a Paixão de Cristo.

Nas “pietàs” expostas na Torre dos Clérigos, o “desenhador dos tempos livres”, como o próprio se define, encontra em cada traço os caminhos de meditação sugeridos no livro editado pela “Letras e Coisas”, dirigida por Nuno Higino, que era, em 1996, pároco do Marco, na mesma altura em que foi inaugurado um dos projetos mais marcantes da obra de Siza, o da igreja de Santa Maria.

Álvaro Siza Vieira, o “desenhador dos tempos livres”, confessa que “Desde menino que tenho a mania do desenho. Dá prazer. Ajuda muito na Arquitetura. Mas a maior inspiração é sempre o diálogo com as pessoas que desenvolvem qualquer projeto. Por isso, inspiração não é nada que cai do céu. É o resultado de um trabalho de pesquisa, em que há muitos participantes, hoje mais do que nunca, devido à complexidade dos problemas que envolvem a Arquitetura”.

Siza não sabe precisar a primeira vez que relacionou a arquitetura com a espiritualidade. Já a inspiração para os 47 desenhos sobre “A Paixão de Cristo”, surgiu através do isolamento social forçado devido à pandemia para “não entrar em depressão, num tempo triste”.

Quando questionada a representação de Cristo numa das partes de D. Tolentino, Álvaro Siza tem resposta desde cedo: “Desde pequenino que frequentei a catequese e aí tive contacto com a figura de Jesus, ainda que a pedagogia não tenha sido, talvez, a melhor […] A figura de Cristo está presente com toda a variedade de situações que tem a vida de qualquer um. Há os cristos sofredores, os cristos da serenidade, os cristos do movimento ou do repouso. E os cristos da morte […]”, mostrando os desenhos abertos ao público até 30 de setembro.

O tema da espiritualidade, para Siza, surgiu no início da década de 1990, quando a Diocese do Porto acreditou a projeção da igreja de Santa Maria, no Marco de Canaveses. Por essa altura, Siza já tinha várias distinções de renome, como o “Nobel” da arte da projeção, o Prémio Pritzker, de 1992.

A espiritualidade da igreja tem a mesma inspiração das outras obras que destacam a obra de Álvaro Siza noutros dois projetos “litúrgicos”: da igreja de Saint-Jacques de la Land (Rennes, França), que outro templo de betão branco, banhado a iluminação natural; e, ainda em projeto, igualmente a transbordar a simbologia espiritual, na Afurada, em Vila Nova de Gaia.

“Tenho mais algumas capelas, mas ainda estou em risco de ser considerado um especialista em museus”, confessa Álvaro Siza Vieira.

Wordpress Social Share Plugin powered by Ultimatelysocial