O crime da Rua das Flores que aterrorizou os portuenses
Um dos crimes mais marcantes ocorridos no Porto, que abalou a opinião pública de então, foi ocaso do médico Vicente Urbino de Freitas.
Este destacado lente de fisiologia na escola médico-cirúrgica magicou uma perfeita e ardilosa maneira de ser ver livre dos herdeiros à fortuna do sogro.
Começa por matar o cunhado José, e prossegue o plano, tentando envenenar os sobrinhos, que moravam com os avós na Rua das Flores.
Em plena Semana Santa, chega à casa da Rua das Flores, uma misteriosa encomenda dirigida à sobrinha Berta Fernanda, contendo amêndoas e três apetitosos bolos de coco e chocolate, em número igual ao número das crianças da casa.
Apesar da relutância da avó, em deixar as crianças comer estes doces, pois a encomenda tinha vindo de remetente desconhecido, lá acaba por ceder, primeiro deixando os netos provar as amêndoas e como nada de mal acontece, no dia seguinte distribui pelas crianças os bolos.
Estas ao comerem acham o sabor estranho, e todos se sentem mal! A avó chama o reputado familiar para acudir nesta aflição. Urbino receitou às crianças café e água morna e como as crianças pioram recomenda clísteres de cidreira, com a expressa recomendação que fizessem uma retenção tão longa quanto possível. As meninas, porém logo evacuaram.
O Mário, mais crescido, quis seguir as orientações do tio, tanto quanto conseguisse, fazendo grande retenção. Daqui resultou uma morte dolorosa à semelhança do tio José. Começa por se atribuir a culpa a um tio de Berta e mais tarde a miss Lothe, isto antes do Comissário Geral da Polícia, saber da existência dos clísteres ministrados por indicação de Urbino de Freitas.
Com base nos factos, nas várias e rápidas diligencias policiais, e nas contradições encontradas no seu testemunho no dia 15 de abril, Vicente Urbino de Freitas é preso na cadeia da relação a 16 de abril de 1890.
Mas terá sido Urbino realmente um criminoso?
Segundo o escritor Gomes Monteiro, uma das principais razões da condenação do réu foi o interesse invulgar do Delegado do Ministério Público, Pestana da Silva.
Dizia-se que o senhor delegado havia sido rejeitado por Maria das Dores, que tinha escolhido para marido, Vicente Urbino de Freitas.
Terá sido este detalhe, o fator decisivo para a condenação do ilustre médico? Ou uma estratégia para confundir a acusação e a opinião pública?
Autor desconhecido. Artigo encontrado nas nossas deambulações internautas…