Zé do Telhado, o Robin dos Bosques do Norte de Portugal

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«Nem todos os criminosos têm de ser bárbaros ou sanguinários. Também existem malandros com bom coração e boas maneiras. José Teixeira da Silva era um desses malandros.»

Chamava-se José Teixeira da Silva, nasceu em Recesinhos, Penafiel, no ano de 1818. De origens humildes, aos 14 anos foi viver com um tio para apreender o ofício de capador. Apaixona-se pela sua prima Ana Lentina, mas o tio não autoriza a relação.

Aos 18 anos alista-se no exército, inicia a carreira militar nos Lanceiros da Rainha, na Ajuda.

Combate contra os Setembristas, pela restauração da Carta Constitucional, mas são derrotados e em 1837 refugia-se em Espanha. Quando regressa, finalmente casa-se com a sua prima. Envolve-se no grupo que se opõe à política anticlerical do governo de Costa Cabral, torna-se um dos líderes da Revolta da Maria da Fonte.

Casa onde viveu Zé do Telhado

O General Sá da Bandeira, que aderiu ao movimento, eleva-o ao posto de sargento. Teixeira da Silva distingue-se em vários combates e recebe a “Ordem militar de Torre e Espada”, a mais alta condecoração militar que vigora em Portugal. Mas a sua glória dura pouco. A sua fação cai em desgraça, é desmantelada e é expulso do exército.

As dificuldades financeiras que vive com uma família de 5 filhos, impelem-no para uma vida de crime. Nasce então o lendário “Zé do Telhado”, líder de uma quadrilha que realiza um grande número de assaltos por todo o norte do país durante um período muito conturbado que coincidiu com a época de maior resistência de D. Miguel, no exílio com seu governo; os seus partidários miguelistas formaram grupos de guerrilha em todo o país.

A sua vida de bandido começou em 1851, no entanto em 1849 participou num assalto a uma casa de um lavrador rico em Macieira, Lousada. Depois deste assalto foi para o Brasil com o intuito de enriquecer, mas vida por lá não lhe correu da melhor maneira e acabou por voltar a Portugal sem nada. Como não conseguiu obter riqueza pela via lícita optou pela marginalidade.
No ano de 1852 José Teixeira da Silva já conhecido pelas autoridades devido aos seus assaltos a casas de cidadãos abastados.

Tribunal onde foi julgado Zé do Telhado – Marco de Canavezes

Durante 7 anos atuou por aquelas terras, escondendo-se na serra do Marão.
Conta-se na região que Zé do Telhado dividia o produto dos seus assaltos pelas pessoas pobres da zona. Claro que eram as próprias populações que muitas vezes davam guarida ao seu bando. Contam que uma vez um padre se recusou a celebrar um casamento por falta de pagamento. Zé do Telhado obrigou-o a realizar a cerimónia.

Em 1859 José Teixeira da Silva foi preso quando tentava fugir para o Brasil.
Durante o tempo que esteve preso na cadeia da relação, Zé do Telhado partilhou a sua cela com Camilo Castelo Branco. Camilo transformou-o num autêntico Robin dos Bosques e integrou-o nas suas “ Memórias do Cárcere .

Zé do telhado foi acusado de 11 crimes. Acabou condenado aquinze anos de degredo em África.
Em Angola viveu em Malange, tornou-se um próspero comerciante de borracha, cera e marfim. Voltou a casar-se e teve mais 3 filhos. Morreu em 1875, aos 57 anos, vítima de varíola.

Neste vídeo, um pequeno resumo da história do Zé do Telhado

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