Esta terça-feira, Tiago Guedes recebeu o título de Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras pelos serviços prestados à cultura e ao intercâmbio entre Portugal e França. “Ao observar o percurso profissional de Tiago Guedes, conduzido num espírito de abertura ao mundo, fica-se impressionado com a sua fidelidade sem falhas aos artistas franceses”, afirmou Florence Mangin, embaixadora de França em Portugal. A cerimónia decorreu no Palácio de Santos, em Lisboa, onde está localizada a embaixada. Rui Moreira esteve entre os convidados.
Coreógrafo, programador cultural e atual diretor do Teatro Municipal do Porto, Tiago Guedes (Minde, 1978) recebeu as insígnias de Cavaleiro da Ordem das Artes e Letras, uma das principais distinções atribuídas pelo governo francês, devido ao seu percurso profissional e contributo à divulgação da cultura francesa.
A medalha de “Chevalier de L’Ordre des Arts et des Lettres” foi entregue pela embaixadora de França, em Portugal, que apresentou Tiago Guedes como “homem de cultura português que, há muitos anos, dedica toda a sua energia e paixão ao encontro entre os artistas e o seu público”. A restrita cerimónia teve, entre as testemunhas, o presidente da Câmara do Porto, como também, a ministra da Cultura, Graça Fonseca, o secretário de Estado da Presidência do Conselho dos Ministros, André Moz Caldas, e a deputada socialista Rosário Gamboa.
“A Ordem das Artes e das Letras, uma das principais distinções honoríficas da República Francesa, não está reservada apenas aos franceses. Destina-se a recompensar personalidades, sem distinção de nacionalidade, que se tenham distinguido, através da sua criação nas áreas artísticas ou literárias ou pelo seu empenho ao serviço da cultura, em geral, e da cultura do nosso país, em particular”, frisou a embaixadora no discurso que antecedeu a entrega das insígnias.
Florence Mangin destacou ainda o percurso profissional de Tiago Guedes, “conduzido num espírito de abertura ao mundo”, assinalando a sua “fidelidade sem falhas aos artistas franceses”, mas também assinalando ser um “homem de convicções e de compromissos claramente assumidos e expressos”.
“De facto, por vezes consideramo-lo como um francês, pois as suas acções encarnam perfeitamente o lema da nossa República ‘Liberdade, Igualdade, Fraternidade’”, concluiu a embaixadora.
Percurso profissional de Tiago Guedes
A relação de Tiago Guedes com a cultura francesa esteve sempre presente ao longo do seu percurso enquanto coreógrafo e programador. Entre 2004 e 2006, foi artista residente no LE VIVAT – Scène conventionnée d’intérêt national art et création (Armentières, França), tendo o seu trabalho coreográfico sido coproduzido por várias instituições francesas e apresentado em vários teatros, espaços culturais e festivais franceses. Em 2011, o Centre Pompidou-Metz, em Paris, dedicou-lhe uma monografia, acompanhada de uma publicação sobre os dez anos de atividade artística.
Enquanto diretor do Teatro Municipal do Porto – onde se encontra em funções desde julho de 2014 – desenvolveu várias parcerias com algumas das mais importantes instituições culturais francesas, nomeadamente com o Centre National de la Danse, em Paris, e com a Maison de la Danse, em Lyon. O trabalho de aproximação entre as realidades coreográficas e teatrais portuguesa e francesa conduziram à coprodução com inúmeros artistas, que, através da sua ação, se têm apresentado nos dois países. Destacam-se, por exemplo, os projetos de programação que realizou na Scène National de Brest, sob a forma de carta branca; a colaboração regular com a Biennale de La Danse de Lyon/Maison de la Danse para a apresentação de artistas portugueses; e a colaboração com o Palais de Tokyo, em Paris, apresentando, em 2019, uma instalação imersiva de Jonathan Uliel Saldanha – atual artista associado do Teatro Municipal do Porto.
Tiago Guedes pautou-se sempre por uma particular atenção à presença de artistas franceses na linha de programação que tem vindo a desenvolver em Portugal, com especial incidência no trabalho desenvolvido no Teatro Municipal do Porto, trazendo a esta cidade artistas de renome, como Philippe Quesne, Boris Charmatz, Maguy Marin, Christian Rizzo, Mohamed El Khatib, François Chaignaud, Ballet de Lorraine ou Ballet de Lyon, mas também na promoção de vários artistas portugueses junto de programadores e instituições francesas.
Atualmente, prepara em conjunto com diversas instituições francesas de renome – como Centre Pompidou e Théâtre de La Ville, em Paris; La Manufacture, em Bordéus; ou Maison e Biennale de la Danse de Lyon – diferentes programas de intercâmbio artístico com criadores portugueses e franceses, no âmbito da “Saison Croisée France-Portugal” (Temporada Cruzada França-Portugal), que se realizará em simultâneo nos dois países entre fevereiro e outubro de 2022.
A Ordem das Artes e das Letras é uma das mais importantes condecorações da República Francesa e destina-se a recompensar pessoas que se distinguem pelo seu percurso artístico ou literário e, ainda, as que contribuem para a promoção e desenvolvimento das artes e letras em França e no Mundo. Várias personalidades portuguesas têm sido agraciadas com as insígnias desta ordem, como, entre outras, António Victorino d’Almeida, Amália Rodrigues, Catarina Vaz Pinto, Dulce Maria Cardoso, Joaquim Benite, Leonor Silveira, Lídia Jorge, Luís Miguel Cintra, Maria João Seixas, Tiago Rodrigues ou Paulo Cunha e Silva (antigo vereador da Cultura da Câmara Municipal do Porto).