“A funcionar há precisamente um mês, o hospital de campanha montado no SuperBock Arena / Pavilhão Rosa Mota será desativado até ao final da semana, já que os hospitais do Porto voltaram a ganhar capacidade de internamento, mas a estrutura mantém-se pronta a ser reativada, caso surja uma segunda vaga de COVID-19.
A unidade, que foi montada pela Câmara do Porto, com a colaboração de diversas entidades, resultou de um protocolo assinado com os dois centros hospitalares da cidade e com a Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos, estando a funcionar, com doentes internados, desde o dia 14 de abril, ou seja, há precisamente um mês.
Se tudo correr como previsto, até sexta-feira os últimos doentes receberão alta e a unidade, que contou com cerca de 300 médicos, enfermeiros e auxiliares em regime de voluntariado, ficará sem internamentos, prevendo-se a sua limpeza, mas não a desmontagem. Em caso de uma segunda vaga de COVID-19, ou caso os hospitais de São João e Santo António registem, de novo, um número de internamentos perto do limite, a unidade poderá voltar a funcionar em poucos dias, mantendo-se instalada até 31 de julho.
Pelo Hospital de Campanha Porto. passaram cerca de três dezenas de doentes, que ocuparam 20% da capacidade instalada na primeira fase, embora o hospital possuísse mais 150 camas, no piso inferior, que poderiam ser ativadas em caso de necessidade. O espaço foi inicialmente preparado para a eventualidade de receber idosos de lares cuja estrutura funcional tivesse sido comprometida pela COVID-19, tendo o Município, assim, uma retaguarda que pudesse acudir a situações como as que presenciamos noutros concelhos. Felizmente, o rastreio sistemático realizado pela autarquia aos lares da cidade produziu resultados extraordinários, o que aliviou a necessidade de internamento. Durante o processo, e perante a necessidade identificada pelos hospitais do Porto, o “Rosa Mota” acabou por ser transformado num verdadeiro hospital, capaz de servir os doentes mais leves de COVID-19, independentemente da sua origem.
A Câmara do Porto está muito satisfeita com o desenvolvimento do projeto, que permitiu não apenas aliviar os hospitais e permitir um melhor atendimento, como tranquilizou toda a equipa da ação social e dos agrupamentos de centro de saúde do Porto, por se saber que o Município teve sempre soluções prontas a funcionar para promover a separação e internamento de idosos dos lares que estavam a ser rastreados.
Para Rui Moreira, “o Hospital de Campanha não foi um acto isolado ou um projecto desgarrado. Ele encaixou num plano que funcionou e que previu o ataque à pandemia de várias formas. A primeira foram as medidas que precocemente tomamos de encerramento de serviços, ainda antes do Estado de Emergência. A segunda foi termos desde a primeira hora atendido ao principal grupo de risco, os idosos em lares. E para isso foi necessário não apenas criar um sistema de rastreio e formação aquelas unidades – mais de 70 na cidade – como a retaguarda, onde o Hospital de Campanha era a nossa segurança. Mas também a Pousada da Juventude e o Seminário de Vilar, este último de que não chegamos a necessitar”, revela Rui Moreira.
Sobre os custos da operação, o Município não tem ainda apuradas todas as contas, mas os contratos realizados com fornecedores, como a limpeza, o tratamento de resíduos hospitalares ou refeições, foram todos feitos prevendo a interrupção da atividade e prevendo que apenas a parte efetivamente consumida fosse faturada. Uma vez que o pavilhão foi cedido gratuitamente pelo concessionário e as camas pelo exército, os custos da montagem e funcionamento do hospital não devem ultrapassar o valor dos donativos recebidos através da campanha realizada pela RTP e de transferências bancárias assumidas por mecenas.
O Porto, que pelas suas ligações ao Norte de Itália foi a primeira cidade em Portugal a ter casos de COVID-19, foi durante as primeiras semanas a que maior número de casos registava. Mas foi caindo na tabela agora liderada por Lisboa.”
Fonte: Porto.