Empresários negam ter oferecido estadia para ganhar simpatia do então presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal.
O ex-presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal, Melchior Moreira, que, esta quarta-feira, começou o seu julgamento junto com outros 28 arguidos acusados de desviar ou receber indevidamente um total de 620 mil euros, passou uma semana de férias num hotel de quatro estrelas no Algarve à custa dos donos de uma cadeia de hotéis que pretendiam construir um empreendimento hoteleiro na cidade do Porto. Os dois empresários negaram perante o coletivo de juízes terem convidado Melchior e a sua família de forma a obter simpatias do então líder do turismo do Norte.
Joaquim e Helena Palminha [pai e filha] são donos do Santo Eulália Apartamento & Spa, localizado em Albufeira. Conforme a acusação do Ministério Público, os empresários ambicionavam construir um hotel no Porto, oferecendo uma estadia na unidade do Algarve a Melchior Moreira para, com isto, “gerar um clima de permeabilidade e simpatia para atos que viesse a realizar no futuro no âmbito das suas funções”.
Joaquim Palminha diz não precisar de Melchior Moreira para nada e informa que já tinham o hotel aprovado e licenciado. A filha explicou que Melchior foi uma pessoa com quem simpatizou num almoço, na cidade do Porto. “Era um portuense sportinguista, do meu clube. Passamos a ser amigos e, todos os anos, organizamos uma festa com muitos convidados no Santo Eulália. Convidei-o. Foi uma cortesia. Não por ter qualquer tipo de interesse por o senhor ser presidente do TPNP [Turismo do Porto e Norte de Portugal]”, informou a empresária.
A festa decorreu a 18 de agosto de 2017, mas nessa mesma data Melchior não se podia deslocar até ao Algarve, acabando por ser convidado no hotel de quatro estrelas entre 26 de agosto e 1 de setembro. “Como ele não podia vir na data da festa, veio mais tarde, até para conhecer as nossas instalações. Nunca imaginei que poderia estar a cometer um crime”, declarou a empresária Helena Palminha.
Melchior Moreira, que vai prestar declarações ao tribunal, será o último arguido a falar, por decisão do juiz presidente.
