Transformar lixo em música. Venha ouvir o som (limpo) da Orquestra Lixada de Aldoar

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A “Orquestra Lixada de Aldoar” (OLA), onde alguns jovens do agrupamento de escolas Manoel de Oliveira desenvolvem o seu agrupamento musical, é uma ideia que mescla música com reciclagem e reutilização, onde os instrumentos musicais são feitos a partir de lixo.

A Rádio Comunitária de Aldoar falou com Paulo Coelho, coordenador do projecto:

“Lixada no sentido que trabalhamos com reutilização de materiais e construímos instrumentos a partir do lixo e lixado porque também é sinónimo de desafio e não tanto de dificuldade. Mostrar que a partir de objectos do quotidiano, coisas simples, podemos reutilizá-las, transformá-las, partindo do princípio que temos que as angariar e isso começa em casa, a ideia é envolver os pais a fazer esse trabalho com os filhos que frequentam a orquestra. Pegamos em coisas que denominamos lixo do quotidiano e construir tudo o que é sons, sejam eles para criar ambientes sonoros ou ritmos e construímos música juntos”.

Existe o desejo de entrelaçar a comunidade escolar aos restantes habitantes no Bairro, onde as apresentações desempenham um papel importante:

“Temos criado alguma magia, temos transportado para o exterior, fizemos duas apresentações, uma na escola e outra no exterior e acho que é sempre fundamental que aconteça para eles perceberem que o que eles fazem causa também impacto na comunidade, não só neles próprios. Eu lanço aqui o desafio aos pais que estiveram a ouvir, podem vir às Quartas-Feiras, nem que seja só ao fim da tarde depois de saírem dos empregos, e divertirem-se a fazer estas coisas com os filhos. É fundamental brincar, os pais brincarem com os filhos, nem sempre acontece. Toda a gente é bem vinda, juntar-se à malta mais nova, temos aqui um espaço excelente para ensaiarmos e depois podemos ir por esse mundo fora, começamos na escola, para o bairro, para um auditório, quem sabe amanhã… Coliseu dos Recreios”.

Apesar do potencial desta orquestra ser vasto, a falta de pessoas pode emperrar o crescimento e consolidação da OLA. Pais, professores, alunos podem envolver-se mais:

“Eu gostava que tivéssemos mais gente para fazermos coisas um pouquinho mais ambiciosas”, lamenta Paulo Coelho. A Rádio aqui pode ter aqui um papel importante, apelar a que as pessoas apareçam, se juntem e se atrevam a participar”.

A Rádio Comunitária de Aldoar falou também com alguns jovens músicos da OLA sobre o significado de pertencer a esta Orquestra:

Iris: “Sempre que estou a sentir-me mal ou triste eu adoro música que podemos criar com objectos deixados por outras pessoas, eu adoro música. Muito!!” Nós sentimos uma música porque a música é tudo sobre sentimento e quando nós pensamos na música e nos faz sentir aquilo que nós queremos, essa é a música certa para nós tocarmos”.

A jovem música, com um entusiasmo contagiante, aconselha a participação na OLA e explicou-nos também como os instrumentos são feitos:

“Eu recomendo muito, porque é muito mais divertido do que todos pensam! Nós vamos buscar coisas recicladas, coisas que mais ninguém quer e tornamos em música. Eu sei que este projecto da OLA vai longe”, prevê Iris, que sente a guitarra como o seu instrumento preferido.

Falamos também com Tiago, que nos contou porque se juntou à Orquestra Lixada:

“Gosto de experimentar coisas novas e sou muito curioso. Podemos aprender a fazer som com coisas plásticas, cartão, etc…”.

Dos instrumentos criados pela Orquestra (alguns pelos seus músicos), o seu predilecto “são duas bolas de berlinde dentro de um balão, que faz o som de pássaro”. Quem sabe o vejamos, um dia, a tocar na Casa da Música, sonho que nos manifestou.

Já Afonso contou-nos que “a companhia, as músicas, a diversão”, foi o que o motivou a fazer parte da OLA. Foi muito detalhado na forma como nos explicou as componentes dos instrumentos:

“Algumas garrafas plásticas, bidões, tubos deitados fora, algumas chaves que já não são precisas”.

Tiago considera que, para conquistar um número maior de participantes, a Orquestra tem de apresentar mais o que faz, apostando na divulgação para que mais pessoas fiquem a conhecer as suas músicas.

Manuel de Oliveira, professor do Agrupamento Escolar (que faz a ligação entre a Escola Manoel de Oliveira e a Orquestra), falou sobre a ressonância da OLA na vida dos alunos, reconhecendo a relevância do projecto na educação ambiental, bem como para a consolidação de um sentimento de pertença e o desenvolvimento de relações interpessoais. Uma simbiose entre música, ecologia e ligação à comunidade:

“Este projecto cativou os jovens. Eu também sou músico e decidi começar a ensinar-lhes a tocar instrumentos convencionais. É uma maneira de estarmos juntos, de cultivarmos este sentimento de pertença ao agrupamento, de amizade uns com os outros e também para que outros possam ver, vir para aqui e usufruir destas dinâmicas”. “Só de olhar para o panorama de crianças, jovens, pais, todos misturados com garrafões na mão e com garrafas cortadas aos pedaços, elásticos e coisas assim vindas do lixo, eu penso que isso por si só é uma mensagem. A mensagem inconscientemente entra no público”.

O professor entende que é relevante convencer mais colegas seus a participar neste género de agrupamentos, sentindo mesmo necessidade de empreender “campanhas de sensibilização” junto dos seu pares. Considera que os horários são um problema, impossibilitando muitas vezes a compatibilização entre todos os intervenientes.

Apelamos a todos que venham experimentar ou assistir à Orquestra Lixada de Aldoar, às Quartas-Feiras, das 16h às 18h, no agrupamento de escolas Manoel de Oliveira.

Veja o programa completo aqui

A Rádio Comunitária de Aldoar é um projecto da Associação de Ludotecas do Porto em parceria com a Rádio Portuense

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