▶️Vídeo: Estátua d´O Ardina no Porto não resistiu a sessão de fotos de turistas

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Neste domingo à tarde, na Praça da Liberdade, eram muitos os que passavam junto ao local onde estava a estátua d’ O Ardina, autoria do escultor Manuel Dias, ali desde 1990. Dizemos “onde estava” porque já lá não está, pelo menos temporariamente. Na madrugada deste domingo, a escultura que é uma homenagem aos vendedores de jornais que por ali exerciam a profissão extinta terá cedido da base que a suportava e tombou. Estaria nesse momento uma jovem alemã encostada à estátua para registar em fotografia uma memória da passagem pela cidade do Porto que na consequência da queda da escultura sofreu “ferimentos ligeiros”.

Conta-nos o sucedido a PSP, que, apesar de presente no local, não registou a ocorrência por entender não existir “relevância criminal”. O oficial de serviço no Comando da PSP do Porto sublinha que foi esta a informação que lhe foi passada pelo turno anterior. Terá sido não por força de um acto de vandalismo, como chegou a ser noticiado, mas sim por força do alegado mau estado de conservação da estátua. Já não estaria suficientemente estável e por isso terá cedido no momento em que a jovem se encostou ao Ardina, afirma a PSP.

Esta versão difere da publicada no JN deste domingo, que dá conta de que a estátua terá sido derrubada por um grupo de sete pessoas de nacionalidade espanhola, de férias na cidade, que se terão “empoleirado” na escultura que não terá aguentado o peso e cedeu, tendo atingido uma mulher. A imagem da jovem, no chão, foi captada em vídeo por fonte anónima citada pelo JN que confirma a versão de que terá sido um acto de vandalismo.

Jovem com “ferimentos ligeiros”
A jovem terá sofrido “ferimentos ligeiros”, mas sem gravidade que justificasse assistência médica. Afirma a PSP que terá saído do local pelo próprio pé. A estátua, além de se ter descolado do chão, não sofreu outro tipo de danos. A escultura foi recolhida do local mais tarde pelos serviços municipais.

Contactada pelo PÚBLICO e questionada sobre o alegado mau estado, a autarquia afirmou não conhecer mais pormenores do que aqueles que foram adiantados pela imprensa.

Das muitas pessoas que passeavam neste domingo naquela zona, algumas paravam junto ao marco do correio onde a escultura de bronze estava apoiada. Comentava-se o sucedido e questionava-se o que teria acontecido ao monumento esculpido após insistência de uma antiga vendedora de jornais que criou um movimento para que a estátua fosse construída.

Piada de 1 de Abril, pensava ser o caso, diz Paulo Fonseca, residente em Gaia, que todos os dias atravessa o rio para trabalhar no Porto. Com o telemóvel apontado para o local onde já não estava a estátua, regista em fotografia a prova de que o que tinha lido nalguns sites noticiosos não era mais do que a realidade. “Era muito rebuscado terem criado um vídeo com a estátua no chão por mera brincadeira”, afirma, sublinhando que ainda assim passou-lhe pela cabeça que pudesse tratar-se do caso. Foi lá para tirar a prova dos nove.

No local sobram as marcas onde os pés da estátua em tamanho real de uma pessoa estavam apoiados e algumas ferragens que a suportavam. Em estabelecimentos da zona, em funcionamento na madrugada de domingo, não há quem tenha presenciado o momento. Os relatos que ouvimos são de pessoas a quem lhes foi contado o sucedido já em segunda e em terceira mão.

A PSP dá conta de outros “incidentes” anteriores ou actos de vandalismo que envolvem outros monumentos da cidade, mas que considera de “pouca relevância”. Face à elevada afluência de turistas nos últimos anos, não foram redobradas as preocupações, até por considerar que estes episódios não estão necessariamente ligados a pessoas que visitam a cidade. “Não há uma relação directa”, afirma.

Um dos episódios ocorridos na cidade que envolveu outro monumento diz respeito ao roubo da obra A Anja em 2006, na Praça de Lisboa, de autoria do escultor José Rodrigues. A escultura foi roubada e destruída para ser vendida numa sucata por 118 euros, apesar da estar avaliada em 200 mil euros. Em 2015, ano em que faleceu, Paulo Cunha e Silva, na altura com o pelouro da Cultura da câmara, anunciou que esta obra e outras seriam recuperadas. No caso de A Anja, seria construída uma nova para ocupar o local onde estava a original.

artigo PÚBLICO: https://www.publico.pt/2018/04/01/local/noticia/estatua-de-bronze-do-ardina-derrubada-por-turistas-no-porto-1808713

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