As pragas de percevejos de cama estão a alastrar-se por todas as grandes cidades mundiais, e Portugal não é exceção. Há quem compare cenário atual com uma bomba-relógio, dado que estes insetos se tornam resistentes aos inseticidas tradicionais.
A movimentação de pessoas entre países e continentes fez disparar o aparecimento de percevejos de cama, insetos que se alimentam exclusivamente de sangue. Lisboa e Porto estão entre as cidades onde o fenómeno está a crescer rapidamente. As empresas de controlo de pragas são chamadas diariamente a missões de desinfestação, tanto no alojamento local como em hotéis de luxo.
O presidente da Divisão de Gestão de Pragas e Saúde Ambiental da Groquifar, António Lula, diz que o problema é que as pessoas só se preocupam “quando as pragas surgem”, falhando assim a aposta na prevenção a estas pragas.
Em Portugal, os primeiros alertas surgiram no verão passado, e muitos habitantes culpavam os turistas que dormem em quartos do alojamento local pelas epidemias. Mas isso não é verdade.
Angelino Pina, diretor técnico em Portugal da Rentokil Initial, multinacional de controlo de pragas, explicou ao Jornal de Notícias que “não interessa o tipo de alojamento que o turista vai ocupar”. “No avião, as malas viajam todas juntas nos porões, abrindo a hipótese de os percevejos saltarem de umas para as outras.”
Por outro lado, a grande concentração de pessoas nas cidades criam as condições necessárias para que estes insetos se sintam protegidos por temperaturas amenas, fatores que facilitam a reprodução“.
“Estamos no limiar de uma situação muito preocupante”, afirma o representante, comparando o cenário atual a uma “bomba-relógio”, isto porque “os percevejos tornaram-se resistentes aos inseticidas tradicionais“.
Mas qual é a solução? Os responsáveis só veem uma e passa peças cidades inteligentes, com planeamento de base. “Em muitas das construções atuais, por serem demasiado antigas, eliminar as condições propícias ao crescimento de fenómenos destes obrigaria a reformas profundas, o que implicaria investimentos de larga escala”, explica António Lula.
Para isso, é preciso que haja uma “conjugação de vontades” entre o setor financeiro, político e de construção. “É importante, por exemplo, na construção de novos prédios, ouvir, além dos engenheiros e arquitetos, as empresas de controlo de pragas“, realça Angelino Pina.
António Lula frisa que, em Portugal, o setor está em grande desenvolvimento. “Estas pragas só são possíveis de controlar com operadores altamente treinados”, e o nosso país conta com um conjunto de empresas capazes.