TVI pede desculpa por “erro grosseiro” em reportagem sobre a região Norte
A reportagem da TVI sobre o número de infectados pela COVID-19 tornou-se num dos assuntos mais comentados nas redes sociais. Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto, já reagiu.
Tendo em conta a indignação causada nas redes sociais, a TVI emitiu o seguinte comunicado assinado pelo diretor de informação da estação, Sérgio Figueiredo:
“O Jornal das 8 de ontem emitiu uma peça que pretendia explicar os motivos que levam a Região Norte a constituir-se como a parte do território nacional onde a Covid-19 regista um número bastante superior de casos positivos e de óbitos devido à pandemia, face às outras regiões.
Desde o primeiro momento em que o assunto foi internamente discutido, logo na reunião da manhã de preparação do jornal – onde participou o editor habitual do Jornal das segundas-feiras, Miguel Sousa Tavares, o pivot José Alberto Carvalho, eu próprio e outros editores da TVI – a preocupação era legítima e construtiva: porquê e como responder àquelas populações particularmente afetadas?
Do ponto de vista jornalístico é normal que se questionem as razões que, numa só região, e segundo os dados oficiais, se registem 60% de todas as pessoas infetadas e 57% dos óbitos do país devido à doença. E do ponto de vista social consideramos que questionar é o primeiro passo para encontrar as respostas necessárias na resolução do flagelo.
Os nossos procedimentos foram os de sempre: à nossa jornalista destacada para a conferência de imprensa diária da DGS foi pedido que procurasse junto das Autoridades de Saúde uma explicação; o José Alberto Carvalho perguntaria sobre isso ao epidmiologista entrevistado em direto no Jornal (o que aconteceu) e a autora da reportagem recolheu a análise de vários especialistas, dois aceitaram ser entrevistados e entraram na peça.
Apesar de todas as redações que produzem jornalismo estarem a trabalhar em condições terríveis, em que nenhum de nós até hoje tinha vivido, a TVI fez o que estava certo: questionou algo relevante, falou com quem sabe e produziu uma reportagem com uma intenção genuinamente construtiva e socialmente relevante.
Isto não justifica, porém, a construção de uma frase infeliz no ecrã, nem a parte do texto que a suportava. Nomeadamente aquela que, entre as razões demográficas e sociológicas indagadas, sugeria níveis de educação abaixo da media nacional. Essa frase foi por muitos interpretada como uma ofensa às gentes do Norte – o que não era evidentemente o nosso propósito.
Nem é essa a tradição da TVI, que historicamente mantém uma relação de grande proximidade com as populações e de ligação à Região. No caso concreto da Informação, concentramos boa parte dos nossos recursos na redação do Porto e em duas delegações regionais que cobrem acontecimentos diários do litoral ao Interior.
Com a mesma humildade que a todos pedimos desculpas por um erro que somos os primeiros a lamentar, temos a convição que a TVI não deve a ninguém, em esforço, em tempo de antena, em grandes eventos desportivos e culturais que promovemos ou patrocinamos, a relevância que o Norte merece e justifica na mancha de cobertura informativa que diariamente, semana após semana, anos a fio, aqui lhe temos dedicado e que continuaremos a fazê-lo.
Da mesma forma que um erro grosseiro – que não foi previamente detetado nestas difíceis condições em que a pandemia também coloca ao trabalho dos jornalistas e de uma televisão – não caracteriza todo um Jornal e, menos ainda, uma estação televisiva que todos os dias acorda guiada pela sua mais nobre missão que é servir os portugueses. Sem exceções e sem discriminações de natureza alguma.”