Bares e restaurantes do Porto cumpriram regras controladas por equipa da PSP. Mas houve quem não respeitasse o distanciamento social, o uso de máscara ou o horário restritivo.
No espaço de minutos, uma Praça dos Poveiros de esplanadas cheias ficou vazia de gente, de empregados de restaurantes e da outrora tradicional animação da movida portuense. O bater dos ponteiros do relógio a marcar as 22.30 horas da primeira noite de sábado pós estado de emergência obrigou ao apressado encerramento dos espaços de restauração e o povo respeitou, com urbanidade, as limitações em vigor. “A indicação é para desmobilizar e toda a gente cumpriu”, referiu, ao JN, o chefe da PSP Casimiro Martins.
Casimiro Martins, comandante de uma equipa de 11 policias destacada para a Baixa da Invicta, confirmou que as medidas menos restritivas relativamente ao confinamento levaram “muita gente” às ruas do Porto e “muitos grupos às esplanadas”. Mas tudo, garantiu, dentro da lei. “Os restaurantes estão a encerrar à hora imposta e só na sexta-feira é que foi emitido um auto, num espaço situado na rua Cândido dos Reis. Estava aberto quando já não podia”, explicou.
Segundo o chefe da PSP, a noite de sexta-feira foi ainda mais agitada do que a de sábado. Leonardo Bevilacqua, da Casa Guedes, disse o mesmo. “O balanço destes dois dias é positivo. A casa encheu várias vezes, quer esta, a dos Poveiros, quer a que temos na Praça Carlos Alberto”. E sem que se tenham registados problemas de maior. “Os clientes cumprem as regras de segurança e a única preocupação que temos é avisar para a hora do fecho. Temos de pressionar um pouco para que saiam do restaurante, mas não hesitamos, porque não queremos voltar a fechar portas”, revelou.
Valter Cocca, um italiano radicado em Portugal, foi um dos muitos que só abandonou a mesa à hora limite. “Foi a minha primeira saída noturna desde setembro do ano passado e soube bem”, confessou no meio de um grupo de seis amigos, que ficou para jantar após uma tarde de passeio na cidade. “Sentimos segurança, sobretudo dentro do restaurante. Já na rua vimos alguns problemas, pessoas sem máscara”, descreveu.
Na Praça D. Filipa de Lencastre, por exemplo, mais de 20 jovens permaneciam à porta dos bares fechados. Quase todos sem a proteção facial e de copo na mão, trocavam palavras a uma curta distância e alguns não evitavam os abraços.
Um pouco mais à frente, na rua da Fábrica, o barulho deixava adivinhar mais grupos a descer uma das artérias de acesso às Galerias de Paris, porventura o principal ponto de encontro na noite do Porto. Mesmo com os estabelecimentos encerrados, não faltavam garrafas nas mãos de gente nova e pouca dada a distanciamentos sociais.
Nada, no entanto, semelhante ao que encontrava na Praça de Parada Leitão, ao lado da Reitoria da Universidade do Porto. Aqui, e tal como o denunciado noutras fases do confinamento, mais de uma centena de rapazes e raparigas divertiam-se ao som de música brasileira saída de uma aparelhagem improvisada. Amontoados em poucos metros quadrados, sem máscara e com pouco medo do vírus que parou o mundo, todos gozavam momentos de liberdade que há muito não estão autorizados.
Fonte: JN