O presidente da Câmara do Porto defendeu, esta segunda feira, em Assembleia Municipal, que o Estado deve atribuir um subsídio semelhante ao que é dado às Regiões Autónomas para captar companhias aéreas para o aeroporto Francisco Sá Carneiro.
Depois de a presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, ter afirmado, em entrevista ao Público, que o Porto “nunca será” um segundo ‘hub’ para a companhia aérea, Rui Moreira reclamou uma compensação financeira, lembrando que o Estado investe “anualmente 100 milhões de euros a subsidiar voos para os Açores e para a Madeira”.
“Seria relevante que o Porto — não posso falar por Faro — reclamasse, pelo menos, um montante equivalente, até porque a nossa Área Metropolitana é muito maior, não tem é o problema da insularidade”, advogou.
O autarca referiu que já deu “os parabéns ao senhor ministro Pedro Nuno Santos por conseguir aprovar o plano de reestruturação da TAP” e citou declarações do ministro das Infraestruturas e Habitação em que, disse Rui Moreira, ficou “absolutamente claro” que “a importância da TAP é para o ‘hub’ de Lisboa, que a manutenção da TAP se deve ao ‘hub’ de Lisboa, e que é assim que esta TAP, ou ‘Tapinha’, como quiserem, vai funcionar”.
Numa altura de crise em que várias companhias abandonaram a sua operação no aeroporto Francisco Sá Carneiro, importa captar novas rotas, realçou o presidente da Câmara: “Se a TAP não o quer fazer, ou não o vai fazer — é um pouco irrelevante fazer a análise psicológica desta questão, (…) acho que a TAP é a última companhia colonial a existir em Portugal, mas não é isso que conta — temos de encontrar outros”, disse.
E prosseguiu, frisando que, “para encontrar outros, é preciso uma migalha daquilo que é gasto para manter o ‘hub’ de Lisboa”.
“Não queremos ‘hub’ nenhum, queremos ter um aeroporto Francisco Sá Carneiro que seja servido, não apenas para turistas, mas para toda a atividade económica que precisamos de atrair”, atirou.
Rui Moreira respondia a um repto lançado pelo deputado municipal Raúl Almeida, do movimento que apoia o independente, que mencionou o facto de o Porto e o Norte ter sido o destino turístico mais procurado do país e mostrou a sua preocupação em relação a “toda uma economia que gira em volta disto, toda uma economia que está ancorada em volta do aeroporto Francisco Sá Carneiro, em que o Porto é uma centralidade”.
“Mas isto não é aeroporto do Porto, é o aeroporto que, estando no Porto, serve todo o Norte do país e dá ao Porto uma inequívoca capitalidade em termos do Noroeste peninsular”, lembrou.
Das restantes bancadas municipais, apenas a CDU se debruçou sobre o tema, já no fim da discussão.
A deputada Joana Rodrigues concordou que “a gestão da TAP deve assegurar a cobertura nacional, e não apenas do aeroporto de Lisboa”, e que “Portugal necessita de uma TAP cuja orientação e dimensão tem de dar uma efetiva resposta à coesão territorial e à ligação às Regiões Autónomas e às comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo”.
Considerou, por outro lado, que “cabe ao país, e não à União Europeia, decidir sobre a viabilidade e o futuro das suas empresas”.
Da bancada comunista veio também a rejeição do “sentimento que por vezes existe de que mais vale se calhar desistir da empresa”.
“Isso acaba por ser um camuflar um problema que existe e transferir meios e recursos diretamente para os privados. Isso a nosso ver não é defender o Porto, nem a descentralização, é contribuir para lucros dos privados, concentração em companhias estrangeiras e maior dependência do país”, defendeu.