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Pelo Mundo

Auschwitz, outra vez?

27 de Janeiro de 1945 – Dia da libertação de Auschwitz/Birkenau
Hoje, neste eterno 27 de janeiro, que não deixaremos que se apague da memória, começámos a sonhar e a dizer “Auschwitz nunca mais!”

Da nossa pouca gordura que escorria dos fornos crematórios fizeram sabão, quem sabe para lavar as consciências; dos nossos cabelos fizeram mantas, quem sabe para agasalhar os corações de pedra; nos nossos corpos martirizados fizeram experiências, quem sabe para melhorar a raça superior da humanidade nova; com a nossa pele encadernaram livros, quem sabe para escrever uma nova história; com as nossas cinzas, misturadas com as cinzas dos ciganos, dos homossexuais, das testemunhas de jeová, dos deficientes físicos e mentais, dos dissidentes e dos que pensavam diferente, fizeram estrume para adubar os campos da nova abundância de colheitas. Das cinzas renascemos para o perdão! No fim da fileira dos fornos crematórios de Majdanek, uma pequena placa diz tudo: “Quando o crime é deste tamanho, o único remédio é o perdão”.

E perdoámos… perdoámos mas não esquecemos. Não esqueceremos nunca!

Auschwitz-Birkenau, Bardufoss, Belzec, Bolzano, Bredtvet, Breendonk, Breitenau, Buchenwald, Chelmno, Dachau, Falstad Flossenbuerg, Grini, Gross-Rosen, Herzogenbusch, Hintzert, Jasenovac, Kaufering, Krauen/Kovno, Klooga, Kangenstein Zwieberge, Lager Sylt, Le Vernet, Lwów, Majdanek, Malchow, Maly Trostenets, Mauthausen-Gusen, Mittelbau-Dora, Natzweiler-Struhof, Neuengamme, Niederhagen, Orianenburg, Osthofen, Plaszów, Ravensbrueck, Riga-Kaiserwald, Risiera di San Saba, Sachsenhausen, Sobibor, Stuthof, Theresienstadt, Treblinka, Vaivara, Varsóvia, Westerbork.
E perdoámos… perdoámos mas não esquecemos. Não esqueceremos nunca!

Não permitiremos nunca que nos façam esquecer. Foi a memória que nos fez sobreviventes de 2000 anos de esperança. Uma esperança filha de 2000 anos, como cantamos no nosso hino.

Para todos estes campos, dos perto de 44.000 lugares de detenção e morte, fomos a chorar levando as sementes; à volta viemos a cantar, trazendo os molhos de espigas (Sl 126). Era urgente semear, É urgente semear, é urgente cultivar a terra, não mais com as cinzas da morte, mas com as sementes da vida. E voltámos a olhar para o oriente, e a alma voltou a vibrar com saudades de Sião, e o grito da liberdade saiu das gargantas ressequidas e das línguas coladas ao paladar; HaTikvah (a esperança) renasceu.
O destino era o mundo, o ponto de partida e de chegada era a Terra de Sião, Jerusalém.
לִהְיוֹת עַם חָפְשִׁי בְּאַרְצֵנוּ Para sermos um povo livre na nossa terra,
אֶרֶץ צִיּוֹן וִירוּשָׁלַיִם Terra de Sião, Jerusalém
Terra toda de toda a terra, Jerusalém de todo o mundo, sem novos e velhos facínoras de todas as tendências políticas e religiosas que mataram e continuam a matar em nome das suas religiões religiosas e das suas religiões políticas…

Auschwitz, outra vez? Auschwitz nunca mais!

Autor: Frei Fernando Ventura

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