PORTO: Taxistas continuam paralisação “apesar das contas para pagar”

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Os cerca de 300 taxistas em protesto na avenida dos Aliados, no Porto, contra a nova legislação das plataformas eletrónicas de transporte prometem continuar a concentração “apesar das contas que há para pagar no final do mês”. Luís Letra é dono de sete táxis que operam na cidade do Porto, tem seis deles parados no centro do Porto e um a cumprir serviços mínimos. Em declarações à agência Lusa esta manhã, naquele que é o terceiro dia de protesto, garantiu que fica “o tempo que for preciso”.

“Até ver a Constituição Portuguesa ser cumprida, Constituição que prova que os [carros da] Uber são ilegais, não saio daqui. Já estive em outros protestos e participo porque posso perder negócio hoje, mas o que podemos ganhar no futuro vale a pena”, referiu.

Ao seu lado, Aníbal Dias, motorista de táxi há 30 anos, explica que não dorme há duas noites porque acredita na justeza do protesto e sabe que a família o apoia e compreende. “Estou habituado a passar noites sem dormir por causa do trabalho, mas neste caso a motivação ainda é maior. Vamos até ao fim. Vamos até ao final do mês ou depois se for preciso”, disse à Lusa, frisando que a causa da concentração “é mais importante do que ir a casa ou comer direito”, ainda que, conta, “nem se possa queixar”. “Ontem [quinta-feira] trouxeram-me bifanas e pregos, esta noite e de manhã um colega chegou com bolos, croissants, café, tudo. Estamos unidos e vamos continuar assim, e assim é ordeiros e motivados, porque sabemos que temos razão”, acrescentou. Luís Letra e Aníbal Dias fazem parte do grupo que esta manhã acolheu o repto do presidente da Federação de Táxis do Porto, Carlos Dias, e do vice-presidente da Associação Nacional de Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros (ANTRAL), José Monteiro, para se sentarem nas escadas junto à Câmara Municipal do Porto para tirar um “retrato de família”. O setor do táxi pede a sua suspensão ou revogação e que seja analisada pelo Tribunal Constitucional. “Somos táxi” ou “Costa, urgente, ouve o Presidente” são algumas das frases que algumas centenas de taxistas gritam nos Aliados, avenida na qual estão parados hoje, no terceiro dia de protesto, cerca de 300 táxis, estimam os dirigentes.

Até quinta-feira estavam duas faixas de rodagem de cada sentido dos Aliados repletas de viaturas. Hoje, o Porto acordou com a praça da Liberdade também preenchida. Mais no topo da avenida joga-se à sueca com recurso a uma mesa de piquenique rodeada de banquinhos e cadeiras de praia. Carlos Dias e José Monteiro apontam à Lusa que no protesto participam motoristas do Grande Porto, mas também colegas de Aveiro, Braga, Guimarães e Vila Nova de Famalicão, “pelo menos”. “Até haver reuniões em que se estabeleçam compromissos, não arredamos pé. O Governo e os utentes vão perceber com a nossa para paralisação que as plataformas alternativas ao táxi praticam preços especulativos e vão perceber que a legislação tem de ser apertada e fazer-se cumprir”, descreveu José Monteiro. Os taxistas prosseguem em Lisboa, no Porto e em Faro uma jornada de luta iniciada na manhã de quarta-feira para travar a lei que regulamenta as plataformas eletrónicas de transporte de passageiros. Os taxistas pediram aos grupos parlamentares para que seja iniciado o procedimento de fiscalização sucessiva da constitucionalidade do diploma que regulamenta as plataformas eletrónicas, legislação promulgada pelo Presidente da República em 31 de julho.

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