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Matosinhos

Matosinhos assume-se como “cidade de boas práticas” rumo à descarbonização

Esta quinta-feira arrancaram as Conferências do P3DT que procuram soluções mais sustentáveis para os espaços das cidades portuguesas e que reúnem empresários, urbanistas e académicos.

Empresários, urbanistas, geógrafos e académicos participaram no arranque das Conferências do P3DT – Políticas Públicas, Planeamento e Desenvolvimento Territorial que decorrem até esta sexta-feira no salão nobre da Câmara de Matosinhos e que incluem uma saída de campo por toda a área de Matosinhos Sul.

As conferências têm por tema a “Cidade Descarbonizada”, em que Luísa Salgueiro, presidente da Autarquia, referiu na sessão de abertura que “Matosinhos é hoje reconhecida pelas boas práticas do ponto de vista urbanístico e Matosinhos Sul é uma referência”. Uma área de antigas unidades industriais ao abandono que acabou transformada numa zona urbana consolidada.

José Alberto Rio Fernandes, presidente da comissão organizadora, juntamente com o também geógrafo Jorge Ricardo Pinto, pelas 17 horas, comandou, durante a tarde de quinta-feira [28 de baril], uma saída de campo depois de uma outra ocorrida a 27 de abril à encerrada refinaria da Petrogal, em Leça da Palmeira.

“Esperemos que o que vai acontecer a Norte, em Leça da Palmeira, seja também um bom exemplo urbanístico”, acrescentou Luísa Salgueiro, dando o exemplo da gestão dos municípios na STCP como um “importante passo na descarbonização”. Apelou também à Academia que ajude as autarquias com uma “abordagem supramunicipal de planeamento”, que evite “abordagens em tempos diferentes e com formas diferentes”.

Professor associado da Universidade de Paris-Douphine, Joaquim Oliveira Martins, no arranque das conferências, explicou “por que somos tão dependentes do carbono”, como os economistas veem o problema e a importância dos edifícios das cidades nesta problemática. “Através de dados comparativos vemos que entre 1970 e 2018 muito pouca coisa mudou e, apesar das atuais políticas, as previsões para 2025/2040 apontam que a energia continuará a ser produzida com base no carvão”, salientou o académico. Isto, apesar “do PIB a nível mundial depender cada vez menos do carbono”.

São as grandes cidades e as áreas metropolitanas, segundo os investigadores, que mais consomem energia e mais produzem dióxido de carbono (CO2). José Gomes Mendes, professor catedrático da Universidade do Minho e antigo secretário de Estado do Ambiente e Mobilidade e também do Planeamento, afirmou que “as economias para crescerem têm de poluir e, depois, com os ganhos obtidos, têm capacidade para descarbonizar”.

É o que acontece pelo menos desde 2005 em Portugal, fruto da redução da indústria transformadora e do aumento dos serviços. Aliás, é na Europa onde mais se investe na descarbonização e nas energias renováveis em resultado da “deslocalização das emissões para outras geografias”, como Ásia e África. Mas, apesar da redução da produção de CO2, o setor dos transportes depende ainda muito das energias poluidoras.

José Gomes Mendes defendeu que “no entanto, não devemos ter vergonha do sistema de mobilidade porque trouxe desenvolvimento e ajudou no combate à pobreza. Ele tem é de ser reinventado”. Para o mesmo “é importante haver incentivos e atrair pessoas para as novas práticas, alinhando o comportamento individual com o interesse público”.

O primeiro painel dedicado à descarbonização e desenvolvimento terminou com a mesa redonda em que participaram José Reis, professor catedrático da Universidade de Coimbra, Mário Vale, da Universidade de Lisboa, e Teresa Sá Marques, da Universidade do Porto/CEGOT. Na tarde de ontem, quinta-feira, o tema em debate foi o Desenvolvimento, Governança e Urbanismo, que teve uma segunda parte nesta manhã de sexta-feira.

Esta edição das Conferências do P3DT em Matosinhos sucedem-se a outras já realizadas no Porto, Gaia, Ermesinde (Valongo) e Santo Tirso, destinando-se a técnicos superiores e dirigentes da administração pública local, intermunicipal e central, nos domínios do urbanismo, gestão urbanística e ordenamento do território, ambiente, economia e transportes.

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