Enfrentar os traumas actuais com bravura é lema do FITEI

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“Trauma e bravura” são combustíveis para a 46.ª edição do Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica, que ocorrerá entre 10 e 21 de Maio. Os espectáculos poderão ser presenciados no Porto, mas também em Matosinhos, Vila Nova de Gaia e Viana do Castelo.

“Este ano, entendemos em conversas, olhando para os artistas, olhando para o estado de alma dos nossos parceiros […], que deveríamos durante este ano […] trabalhar os temas ‘Trauma e Bravura’”, afirmou o director artístico do FITEI, Gonçalo Amorim, durante a conferência de imprensa de apresentação da programação do festival, nas caves de vinho do Porto, em Vila Nova de Gaia.

“Trauma” surge por causa da sequência de “três traumas seguidos: a crise migratória com muita gente a morrer antes de chegar à Europa, a pandemia e a guerra na Ucrânia”.

Por seu lado, o tema da “Bravura” tanto pode relacionar-se com a bravura da “mãe que agarra o filho nos braços para atravessar na balsa o Mediterrâneo”, como da “mãe solteira de Portugal que tem três empregos para aguentar o barco”, referiu o director artístico do FITEI.

O regresso do Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica (FITEI), entre os dias 10 e 21 de Maio, terá um total de 14 peças. A 46.ª edição festivaleira é abraçada por quatro cidades nortenhas, Porto, Matosinhos, Vila Nova de Gaia e Viana do Castelo. O vasto reportório contempla quatro estreias nacionais e três absolutas, bem como sete coproduções do Festival com outras companhias.

“Trauma e bravura”, violência, memória e política, cicatrizes e percursos endémicos nas comunidades afro-ibero-americanas, potenciam as criações artísticas, filhas desse mesmo “caldo” a ser representado.

Os espectáculos arrancam a 10 de Maio, no subpalco do Rivoli, com “Bochizami”, da artista Flávia Gusmão, uma viagem pelas memórias enlutadas como forma de congelamento do tempo.

Em destaque estará “Hamlet”, readaptado por Chela Ferrari, no Teatro Nacional de São João. O elenco integra um grupo de participantes com síndrome de Down. A inspiração shakespeariana entrecruza com a vida dos actores. “Ser ou não ser?” a partir dos excluídos.

Em “Cosmos”, Cleo Diára, Isabél Zuaa e Nádia Yracema estão ávidos do interplanetário e afro-futurista, calcorreando os trilhos que originaram as sociedades actuais. O espectáculo poderá ser visto no Teatro Carlos Alberto (TECA).

“Una Isla“ estará a cargo dos catalães Agrupación Señor Serrano, que voltam à cidade, no Teatro do Campo Alegre, depois de integrarem o FITEI em 2018. A tecnologia e a manipulação de objetos obrigam a reflectir sobre a “bolha de ódio” que vegeta nas redes sociais.

“O Sistema”, de Cristina Leitão, tem urgência em escapar de um loop inútil. Vai estar patente na CRL – Central Elétrica, com sessão dupla.

A colaboração entre os portugueses “Má-Criação” e os brasileiros “Foguetes Maravilha e Dimenti” criou “Subterrâneo, Um Musical Obscuro“. Relembra um acidente onde 33 homens ficaram soterrados num desabamento no Chile.

“Limbo”, de Victor Oliveira, são mosaicos narrativos sobre a diáspora luso-moçambicana e o negacionismo histórico.

“Moria”, do autor espanhol Mario Vega, é uma experiência imersiva, reconstruindo a história da fuga de duas refugiadas e suas famílias, obrigadas a abandonar a sua terra natal.

“Piloto” é um simulacro formado por um grupo multidisciplinar. Curadores, arquitectos, programadores, marketeers, que se articulam para projectar um parque de diversões temático. 

 “Ibérica Sector 5” mergulha nos infindáveis arquivos com o mesmo nome. A companhia “Visões Úteis”, por meio do “reenactment”, recria acontecimentos históricos emblemáticos.

Proveniente da pandemia, “Se Eu Fosse Nina” explora, via um exercício a solo, as barreiras entre a ficção teatral e a realidade.

“Condomínio”, de Nuno Nunes e “Que Não se Fale dos Velhos Tempos”, de Grua Crua, são duas das obras que estiveram em residência em 2022 e agora aparecem no setlist.

Teatro Bombón Gesell preparou uma série espectáculos curtos, seguidos de uma mesa redonda, além de uma “provocação cénica para reflectir sobre a violência e a justiça na América Latina”.

Actividades extracurriculares e acessibilidade

Para além dos destaques principais, também fazem parte do evento actividades extracurriculares como “FITEI PRO” e “Isto não é uma Escola FITEI”. O festival tem também uma programação musical e apresenta projectos com várias escolas do Porto. Este conjunto de actividades formativas e workshops têm acesso gratuito, mas necessitam de inscrição prévia.

Para mais informações, relativas aos locais e datas dos espectáculos, consulte o  site do FITEI.

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