Hospitais do Grande Porto registam picos de afluência às urgências nas últimas semanas

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As urgências de quatro hospitais do Grande Porto têm vindo a registar “picos” e “recordes” de afluência nas últimas semanas, no entanto a maioria dos casos não se tratam de casos de emergência ou de caráter urgente.

No Hospital de São João, na última segunda-feira, 981 pessoas dirigiram-se ao Serviço de Urgência, um valor semelhante ao registado em dezembro de 2018, conforme afirmou Nelson Pereira, diretor da Unidade Autónoma de Gestão de Urgência e Medicina Intensiva.

No mesmo dia, o Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho registou um “recorde” de registos na urgência face ao últimos 10 anos, sendo que mais de 70 % desses casos não foram referenciados pelo SNS24, ou pelos cuidados de saúde primários, e perto de 40% dos casos foram considerados pouco ou nada graves, tendo lhes sido atribuída pulseira azul ou verde.

Entre 14 e 20 de março, os serviços de urgência do Hospital de Santo António registaram 2.425 doentes, dos quais apenas 10 % correspondiam a episódios de emergência ou casos considerados muito urgentes. Cerca de 55% do total foram casos considerados urgentes, tendo sido triados com pulseira amarela. E mais de 850 pessoas que se dirigiram à urgência do Santo António, receberam pulseira verde, doentes pouco urgentes, azul, doentes não urgentes, ou pulseira branca.

A pulseira branca significa casos de doentes recebidos por razões administrativas ou casos clínicos indicados por um médico, mas sem situação grave.

Também a Unidade Local de Saúde de Matosinhos, registou nas últimas três semanas, um enorme aumento na afluência ao serviço de urgência geral, ultrapassando os 300 utentes por dia. Destes doentes, cerca de 37% não eram considerados casos urgentes, 68% recorreram à urgência por iniciativa própria, 17% chegaram através do INEM, 6% por encaminhamento dos cuidados de saúde primários, e 5% referenciados pelo SNS24.

Este cenário transversal aos quatro centros hospitalares é descrita por Nelson Pereira, do CHUSJ, como “um problema crónico sem solução fácil nem imediata, que se arrasta há muito tempo e que exigem uma estratégia”.

Além de aumentar a instrução em saúde junto da população, Nelson Pereira, acredita que é fundamental preparar a rede de cuidados de saúde primários, assim como aumentar o número de clínicas de diagnóstico e hospitais de dia para patologias específicas e desenvolver a qualificação dos profissionais nos serviços de urgência, através da criação da especialidade de medicina de urgência.

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