Mulher foi violada durante horas por dois soldados das tropas russas por ser casada com um militar ucraniano, segundo o seu relato à AFP.
A vítima enviou os filhos para longe da sua casa na região de Kherson, no sul da Ucrânia, a 24 de fevereiro, correspondente ao primeiro dia da invasão. Já o seu marido, que luta há dois anos no leste da Ucrânia, foi enviado para a frente de batalha e esta ficou sozinha para organizar o transporte dos bens da família.
A tragédia aconteceu a 3 de abril. “Às 15:00 horas, fui a um mercado. Enquanto estava na fila, militares russos entraram e começaram a discutir com os clientes. Eu não entendia do que estavam a falar, mas percebi que um dos moradores estava a apontar o dedo para mim e dizia ‘ela é uma banderovka'”, relembra a vítima.
“Vi que me observavam quando saí rapidamente da loja. Assim que cheguei a casa, os dois soldados russos entraram pela porta, atrás de mim. Não tive tempo de pegar no telefone para pedir ajuda ou fazer qualquer coisa. Sem proferirem uma palavra, empurraram-me para a cama, apontaram-me uma metralhadora e tiraram a minha roupa”, diz a vítima, em lágrimas.
“Eles quase não falavam, exceto algumas vezes para me chamar ‘banderovka’ ou dizer um ao outro ‘é a sua vez’. Depois, foram embora”. A mulher vítima de abusos confessa ainda não ter consultado um médico nem um psicólogo e nem sequer ter falado com o marido.
“Eu sou parteira, eu mesma fiz os primeiros socorros. Vou encontrar tudo o que preciso quando chegar ao meu destino. Eu só quero encontrar os meus filhos”, acrescentou, em prantos. “Estou com nojo. Não tenho mais vontade de viver”, confessou, quando questionada sobre o seu estado físico e psicológico.
A diretora da unidade ucraniana da ONG La Strada, que defende os direitos das mulheres, disse à AFP que tinham recebido telefonemas sobre sete casos de violação de mulheres e crianças ucranianas por parte de militares russos, mas acredita que os números vão aumentar assim que passar o choque das vítimas. “Podem ser centenas, até milhares, de mulheres e meninas violadas”, afirmou Aliona Kryvouliak.